O ex-governador e senador eleito Camilo Santana (PT) disse, nesta
segunda-feira (17), que o resultado da eleição no Ceará foi uma resposta
da população cearense ao rompimento que houve entre petistas e
pedetistas este ano. Após quebrarem a aliança, os partidos lançaram seus
candidatos ao Governo do Estado, em disputa que terminou com Elmano de
Freitas (PT) eleito em primeiro turno – além do próprio Camilo vencendo,
com quase 70% dos votos, a postulante da coligação do PDT, a deputada
Érika Amorim (PSD).
“Acho que a resposta a todos os fatos que
aconteceram durante esse período, acho que a população deu nas urnas.
Minha maior resposta é essa, e a vida encaminhará, o tempo dará a
oportunidade para se reaproximar ou não. Mas acho que a grande resposta a
tudo o que aconteceu nesse período, quem a população quer ter o poder
nas mãos, foi dada nas urnas”, disse ele em entrevista à FM Assembleia.
A
declaração dizia respeito à relação com o ex-governador e ex-ministro
Ciro Gomes (PDT), que se considera traído por Camilo e pelos demais
petistas do estado em decorrência do racha. Na mesma ocasião, o senador
eleito ressaltou, no entanto, que a relação que mantém com Cid Gomes
(PDT) permanece a mesma. Cid apoiou Camilo na disputa ao Senado,
contrariando o irmão, e será seu colega de bancada na casa a partir do
ano que vem.
O petista também voltou a acenar para os ex-aliados,
parte dos esforços dele e do partido para reaproximar as duas siglas, de
modo a fortalecer a base governista de Elmano. “Sei que o PDT e o PT
têm muito mais convergências que divergências. Vamos dar tempo ao tempo
para que esses laços sejam retomados, principalmente para uma base forte
para o governador Elmano trabalhar.”
Transparência
Tratando
sobre a atuação futura no Congresso, Camilo criticou o chamado orçamento
secreto, mecanismo através do qual parlamentares podem repassar verbas
do orçamento federal às suas bases eleitorais sem que os detalhes sejam
publicizados. “Esse orçamento secreto, que é uma das maiores vergonhas
que esse País, já passou. São bilhões que as pessoas não sabem para onde
vão e como estão sendo aplicados. O dinheiro é do povo e ele tem que
ser escutado. Não temos dinheiro para tudo, temos que saber onde é a
prioridade e trabalhar com transparência”, defendeu.
O ex-governador
conta que, também para impulsionar a transparência, pretende continuar,
enquanto senador, as lives semanais que criou o hábito de fazer durante
sua gestão no Palácio da Abolição. “A população é a melhor fiscal”,
disse ele, destacando que os cidadãos sabem exatamente quais
equipamentos públicos estão ou não funcionando e as principais demandas
para o poder público. Durante seu mandato como governador, Camilo fazia
videotransmissões interativas a cada terça-feira.
Ministério
A
respeito do cenário que encontrará no Senado ou uma possível convocação
para o ministério caso Lula seja eleito presidente, Camilo Santana foi
cauteloso. “Não houve qualquer conversa sobre isso com o ex-presidente
Lula e nem gosto de me antecipar a nada. Antes de tudo, Lula precisa ser
eleito. Sei que depois que as eleições passam, todos temos que
trabalhar pelo povo, independente do resultado desse segundo turno.
Bolsonaro tem maioria no Congresso, mas o debate precisa existir, assim
como uma oposição construtiva. O povo elegeu aquelas pessoas
democraticamente e precisamos respeitá-las, com bom senso e diálogo,
colocando de forma propositiva o que for melhor para o Brasil”,
ponderou.
Assembleia
O presidente da
Assembleia Legislativa do Ceará, deputado Evandro Leitão (PDT), também
participou da conversa e destacou a importância de os poderes Executivo e
Legislativo atuarem juntos. “O Executivo em harmonia com o Legislativo é
um apoio enorme na aprovação de projetos que impactam na vida do povo.
Cabe a nós do Legislativo aperfeiçoar o que vem do Executivo, enquanto o
Executivo deve sempre estar atento ao que sugerimos ou criticamos.
Camilo, sem dúvidas, será um grande senador para o nosso Estado”,
opinou.
Evandro, que atualmente ocupa a cadeira da presidência na
casa, é forte candidato a reeleição – alguns interlocutores cravam que é
nome certo para a eleição do Legislativo estadual no próximo mês de
fevereiro. Ele, apesar de ser do PDT, deverá atuar em apoio ao governo
de Elmano, sendo também uma das vias de acesso do futuro governo para
tentar pacificar a relação entre os dois partidos.

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