O dia


Quando a gente era menino, atirava de baladeira, ou de arco e flecha, onde o arco era de uma planta chamada grão de galo e a flecha era uma haste de sombrinha ou guarda chuvas, dizíamos que éramos"índio" e por isso mesmo "pontarioso". Índio era sinônimo de cabra com pontaria, habilidade de um grande caçador. Hoje, na distante idade daquela infância, a gente abre o noticiário de dá, de cara, com o índio esquelético, maltrapilho de corpo e de alma, sem arco, nem flecha e com a dignidade abalada pela genialidade de quem lhe quer tomar as terras, as casas, a vida. Choca, viu. Choca sentir a brutalidade, a estupidez, a ação genocida de quem deixou à fome, sem arco, sem flecha e sem ter o que caçar, com seus rios mortos pelo mercúrio dos garimpos e sem um mínimo de saúde que mata seus filhos, suas crianças, sua espécie. De que adiantou ser "pontarioso" pra no fim da vida morrer de dor pelo sofrimento alheio?
Se me permite o querido senador, jornalista Cid Saboia de Carvalho>"Canalhas!"
Ia esquecendo como vem a terça feira.

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