No
entanto, o professor sênior da UFSCar enxerga que há espaço para
retomar a normalização institucional após confrontos com o general Júlio
César de Arruda, o comandante do Exército demitido por Lula.
Durante
a transição, no que foi interpretado como um gesto de distensão em
relação às Forças Armadas para o começo de governo, Lula indicou para
chefiar a Defesa José Múcio, um nome bem visto pelos militares.
O ministro Múcio então escolheu Arruda para comandar o Exército usando o critério de antiguidade.
Mas
quando forças de segurança foram até o acampamento bolsonarista em
frente ao quartel-general do Exército em Brasília, na noite dos
distúrbios do dia 8 de janeiro, o general disse ao ministro Flávio Dino
(Justiça): "Você não vai prender as pessoas aqui". O relato foi dado por
dois oficiais militares, de acordo com reportagem do jornal The
Washington Post.
A
gota d'água que culminou na saída de Arruda foi sua recusa, segundo o
site Metrópoles, em exonerar de um posto sensível do Exército em Goiânia
o tenente-coronel Mauro Cid — que foi ajudante de ordens do
ex-presidente Jair Bolsonaro.
Múcio
declarou em entrevista coletiva após o anúncio da demissão de Arruda
que "as relações, principalmente no comando do Exército, sofreram uma
fratura no nível de confiança" e que "precisávamos estancar isso logo de
início".
"Usando
uma analogia com o xadrez, eu acho que o Lula avançou uma peça [com a
troca no comando do Exército]", afirma Martins Filho.
"Todo
mundo ficou em suspenso e com a demissão agora parece que o Lula vai
normalizando as coisas. É como se ele falasse 'Eu sou o comandante [o
Presidente da República é oficialmente o Comandante Supremo das Forças
Armadas]: eu demito, eu nomeio'. E com certeza o alto comando [do
Exército] já tinha dado sinais de que ele poderia fazer isso. Acho que o
general Paiva consultou os colegas do alto comando e aceitou o cargo."
Ele
diz que existe uma razoável coesão nos comandos militares desde a
redemocratização e que não vê evidência de divisões internas atualmente.
Na
visão de Martins Filho, também não interessa ao Exército provocar uma
nova crise com Lula e a tendência, nesse primeiro momento, é de
estabilizar a relação entre as duas partes.
"O
8 de janeiro unificou o governo e fortaleceu Lula. Ele teve que cuidar
da questão militar precocemente e até agora tem acertado."
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