Éramos Sete…
Éramos seis é uma famosa obra de Leandra Dupré, que romanceia a difícil e acidentada família de classe média baixa. Na década de 40, com o desenvolvimento da sociedade civil, as numerosas famílias foram esparsando. A mortalidade infantil, a mortalidade materna foram chamados para diminuir a morte vergonhosa de tantos anjinhos. Dom Helder Pessoa Câmara, oriundo de pai fortalezense e mãe filha de Aracoiaba, cada filho que nascia mudavam a letra para que o filho não virasse anjinho. Meus pais, Felipe é Alaíde Bomfim, tiveram sete filhos. Hoje nos deixa Maria Maggy Morais Herzog, a nossa primeira. A nossa primogênita. Nascida em pleno tropel, da segunda guerra, foi uma guerreira transbordando de bondade e generosidade. Era grande professora de geografia. Por conta da sua virtude andarilha, gostava de viajar. Numa dessas viagens nas Cataratas de Foz de Iguassú, conheceu Karl Herzog, com quem atravessou meio século de vida. Tiveram um filho muito querido Christian. É um neto Benjamim. Cristian casou-se com uma bela brasileira Andrea. Antigamente como muitos pais se iam, quando ainda tinham filhos menores, os irmãos mais velhos assumiam papel de paternidade ou maternidade. Maggy foi está aurora presente alegre, no amanhecer dos nossos dias. Antes que a noite declinasse, era um brilho especial, para não deixar o Sol partir. Os seus olhos, duas brasas azuis, eviscerava a sua alma de amor, de querer e de partilha.Foi ela que proporcionou meu ingresso na Medicina. Mesmo morando no outro lado do Atlântico, nunca esqueceu suas raizes. Fundou o Clube Brasileiro de Zurich, aglutinando a expressiva comunidade brasileira que morava na Suíça. Sempre foi independente na sua vida lutando pelo seu próprio sustento particular, como turismo de toda natureza. Nestes anos que morou em Zurich sempre vinha nos visitar. Inteligente, ativa, perspicaz, viveu momentos difíceis. Nem tudo são flores depois do Atlântico. Sofreu reveses dos próprios conterrâneos. Mas nunca se dobrou a qualquer pedra do meio do caminho. Em 2021 o seu filho nos mandou os seus exames. Vi que minha querida irmã estava caminhando para ser Saudade. Ano passado estivemos com ela por duas vezes. Em alguns momentos como uma estrela claudicante, a luz da Esperança Luzia. Para logo se ir. Foi acarinhada por toda equipe de Saúde do Hospital Universitário de Zurich. Sentia nos profissionais uma inquietante procura para sanar uma doença tão pertinaz. Hoje mergulhei na minha definita orfandade. Sou um caMinheiro sem caminho. Sou um seresteiro sem voz. Um viajante sem carta. Sem bússola. Sem Porto. Empobrecido, pouco me sobra de alentos. A não ser a Fe em Deus, acreditando na Parusia. Quando viveremos a alegria do Reino de Deus. Deus é bom! Requiescat in Pace!
Na saudade do Zémaria, enxerto meu enorme pesar pela partida da querida Maggy, com cujos sorrisos e alegrias tantas vezes convivi na Suiça e aqui, quando vinha matar suas saudades. A calma de seus gestos, a imensidão de seu poder de juntar pessoas, fez Zurique ficar a seus pés e um clube brasileiro criado por ela, se render aos encantos de sua sábia presença. Eu ví. Em suiço, de qualquer cantão, alemão, ou francês, ou italiano, do Ticino ou cercanias alpinas, Maggy reinará sempre como farol de proa a alumiar para o bem e a paz. A gente se vê. Espero.

Nenhum comentário:
Postar um comentário