Contato

Leonardo Attuch - jornalista e editor-responsável pelo 247.

 


Golpeada e atacada por uma elite arrogante e inculta, Dilma está no centro da construção do novo mundo
Dilma deu a volta por cima e hoje é peça central na construção de uma nova arquitetura financeira internacional
O golpe de estado de 2016, travestido de impeachment, foi o capítulo mais vergonhoso da história republicana do Brasil. Sob a alegação falsa de "pedaladas fiscais", a então presidenta Dilma Rousseff foi derrubada sem crime de responsabilidade, em um processo conduzido por políticos marcados por escândalos de corrupção, com o apoio de setores empresariais e midiáticos que nunca toleraram uma mulher honesta e firme no exercício do poder. Ali se rompeu o fio da legalidade democrática, e o Brasil passou a trilhar um caminho de retrocessos institucionais, sociais e civilizatórios.
Dilma, que já havia enfrentado a tortura nos porões da ditadura militar instalada no Brasil pelo imperialismo, foi golpeada novamente por interesses geopolíticos e econômicos que não admitiam um Brasil soberano, inserido nos BRICS e ativo em foros multilaterais. Em vez de se recolher após a violência política de 2016, ela fez o oposto: reconstruiu sua trajetória, denunciou com impressionante clareza de visão todos os retrocessos que ocorreriam e manteve o respeito e a admiração entre os maiores líderes do mundo.
Há uma semana, vimos uma amostra do preconceito recorrente de uma elite inculta e arrogante que insiste em atacar Dilma por ignorância ou má-fé. Em sua manifestação durante o funeral do Papa Francisco – em um momento que exigia sobriedade e respeito – Dilma destacou o papel religioso do pontífice, no sentido mais profundo do termo: aquele que religa a humanidade a valores essenciais, como a justiça, a compaixão e a paz. Foi imediatamente atacada por pessoas que sequer conhecem a origem da palavra religare. A ignorância, neste caso, foi apenas mais uma tentativa de silenciar uma voz que fala com o coração, com a história e com o conhecimento.
Mas o mundo gira. E gira rápido. Enquanto parte da elite brasileira permanece refém de sua burrice e de seus preconceitos colonizados, Dilma Rousseff se projeta como protagonista de um novo tempo. À frente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), instituição financeira multilateral criada pelos BRICS, teve seu mandato renovado por mais cinco anos com apoio unânime dos países-membros. Conta com a total confiança do presidente Xi Jinping, que ontem visitou a instituição e lidera a resistência internacional ao unilateralismo agressivo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reeleito para um segundo mandato em 2025.
Dilma representa, como poucas figuras políticas, a epopeia da resistência. Sua biografia é atravessada por momentos decisivos da história brasileira e global. Foi presa e torturada por lutar contra a ditadura; eleita a primeira mulher presidenta do Brasil, foi deposta por um golpe; e agora ocupa um posto estratégico na reorganização da ordem financeira mundial. Sua presença no comando do NDB, com o apoio decisivo de todos os países que integram a instituição, não é casual. É parte de um projeto de construção de um novo mundo, mais equilibrado, multipolar, ecológico e justo.
Golpeada no Brasil, reverenciada no mundo, Dilma Rousseff segue sua jornada com dignidade e coragem. Sua história nos convoca a olhar para além das fronteiras estreitas do preconceito e da ignorância. Nos chama a compreender que, na disputa entre o velho mundo em colapso e o novo mundo em gestação, ela está — mais uma vez — no centro da História.

Nenhum comentário:

Postar um comentário