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Ecos da Balaiada

 


REVOLTA DOS BALAIOS - CARTA DE ANTÔNIO DE ALMEIDA PORTUGAL, UM DOS LÍDERES DA BALAIADA NO PIAUÍ (Frecheiras da Lama). “Frexeiras, termo da vila da Parnaíba, 8 de agosto de 1839. Estimadíssimo compadre, mano, amigo do coração. Recebi a sua carta, a qual muito estimada por saber notícias vossa. Damos graças a Deus e pedimos ao mesmo Senhor e a sua mãe Santíssima que queira nos socorrer com a sua divina graça. Devemos ter esta guerra por castigo de Deus, e só o mesmo Senhor é quem nos poderá valer com a sua misericórdia. Eu já vivo com a cabeça confusa, e a sua comadre tem estado de cama, e parece-me que se essas confusões aturarem, breve perderá a vida, se Deus não nos acudir com a sua divindade. Tem chegado a essa vila [da Parnaíba], de que aqui [nas Frexeiras] se acham povos reunidos com armas na mão para fins iguais, isto é mau conceito que vosmecê nos faz; o fim é só de nos defender, as nossas propriedades e a honra de nossas famílias, porque nos chegou a notícia que o Sr. Prefeito [da Parnaíba] deu no Beirú, e que havia de passar por este sítio [das Frexeiras] e nos havia de destruir, e fazer-nos as maiores desfeitas possíveis. Assim como disse um soldado da cavalaria de Sobral [Ceará] que veio do Beirú, que levaram a escala até meninas que ainda não tinham sinal de peito, até a vista do Major. Ora compadre, isto não é humanidade e nem lei divina. Ora compadre, diga-me, com essas notícias, que cena deve romper um homem neste caso? Morre antes de vir passar por semelhante desgosto. Para meu compadre e amigo, Joaquim Antônio Gomes da Silva. Assinado: Antônio de Almeida Portugal”.

Fonte: BNDigital - Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Por João Bosco Gaspar, pós-graduado em História, Cultura e Patrimônio, Tianguá Ceará

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