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Eduardo Bolsonaro é inimigo do Brasil, diz editorial da Folha



Foco do filho de Bolsonaro é livrar seu pai da prisão, ignorando os prejuízos ao Brasil com tarifaço imposto pelos EUA
247 - O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se consolidou como o principal rosto político da crise diplomática e comercial entre Brasil e Estados Unidos. Em uma atuação marcada por ataques a autoridades brasileiras e defesa intransigente do presidente dos EUA, Donald Trump, o parlamentar passou a ser apontado como um dos responsáveis pelo agravamento do conflito que pode afetar gravemente a economia nacional. A opinião é da Folha de S.Paulo, em editorial desta quinta-feira (31).
A Folha destaca que a origem da crise está na retaliação norte-americana ao avanço do processo no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de tentativa de golpe de Estado. Descontente com o andamento do caso e instigado por Eduardo Bolsonaro, Trump impôs um tarifaço de 50% sobre uma parcela significativa das exportações brasileiras, numa clara afronta ao princípio da separação dos Poderes e às regras do comércio internacional.
Eduardo Bolsonaro, além de revelar uma postura hostil com autoridades brasileiras, sabota qualquer esforço institucional de defesa do interesse nacional, numa tentativa desesperada de salvar o pai das consequências jurídicas de seus atos, pontua o editorial.
A taxação já preocupa diversos setores da economia. Segundo dados da própria Folha, cerca de 9.500 empresas brasileiras exportam para os EUA, e ao menos 30 setores dependem daquele mercado para um quarto de seu faturamento externo. Em 2024, as exportações para os EUA somaram US$ 20,3 bilhões. O estado de São Paulo, base eleitoral de Eduardo, será duramente atingido. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado do bolsonarismo, estimou que o impacto no PIB paulista pode variar entre 0,3% e 2,7%, com risco de perda de até 120 mil empregos.
Apesar disso, Eduardo Bolsonaro, em sua visão distorcida, diz que a tentativa de governadores de direita, como os de São Paulo e Paraná, para proteger a economia e os empregos brasileiros seria um "erro"; o certo seria ceder a chantagens estrangeiras porque isto representaria um ato de "fidelidade" política ao ex-presidente
A Folha diz que mais grave ainda foram suas declarações sobre os presidentes da Câmara e do Senado. Referindo-se a Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), Eduardo afirmou que eles "podem sofrer sanções americanas" caso não atuem em favor de Jair Bolsonaro. A fala gerou forte reação no Congresso, sendo vista como uma tentativa de intimidação e um atentado contra a soberania do Parlamento brasileiro.
Não é a primeira vez que o deputado recorre à retórica extremista para defender a família. Mas o episódio atual, com repercussões econômicas diretas, escancara o abismo entre suas ações e o mandato que deveria exercer em nome do povo paulista. Ao colocar os interesses familiares acima dos nacionais, Eduardo Bolsonaro se torna, para muitos, um adversário da própria República que jurou defender, enfatiza o editorial.
O episódio evidencia um descompasso perigoso entre a atuação de Eduardo Bolsonaro e os preceitos da diplomacia e da defesa dos interesses estratégicos brasileiros. A crise gerada por sua campanha internacional em favor do pai e de Trump ainda deve se prolongar, com possíveis repercussões judiciais e políticas.

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