Um dia, na companhia do saudoso amigo Pedro Anísio, jornalista e autor de histórias em quadrinhos, Pai do super herói brasileiro "O Judoca", com a sublime ilustração de Monteiro Filho que o Mino sabe bem quem foram, fui à EBAL-Editora Brasil América Limitada, a convite do Naumim, filho do velho e querido "Seu Aizen", o criador daquela que foi a maior editora de HQ da América Latina. Aquele dia marcaria para sempre o jornalismo que até então eu conhecia. Era 1968 e vivíamos os anos de chumbo da ditadura mas o Pasquim salvava a pátria. O convite era exatamente porque o Pasquim iria entrevistar "Seu Aizen". Lembro que chegamos cedo, tipo 10 horas da manhã e já rolava mãozadas de uísque e cerveja. E umas coisas gostosas pra beliscar. Um clima da mais absoluta descontração. De conversas altas e comentários sobre personagens das HQ, irreverentes e generosos, geniais e maldosos. Impossível não ter esse tipo de conversa, afinal estavam lá Ziraldo puxando a turma e o Jaguar chupando a cerva em estado de graça. Ali conheci o maior celeiro de resistência à época, correndo todos os riscos. No meio deles o que viria a ser meu colega de BB, o Jaguar. Ali, conheci de onde vinham o Flicts, o Sig, o Pif Paf. E me fiz amigo do imenso Ziraldo. A resistência maior, entretanto, ficava no humor debochado, curioso, irreverente, valente e político do Jaguar, o Sérgio Jaguaribe que ontem, aos 93 anos, trabalhando até a ultima hora foi se juntar aos outros daquela turma. Será que estou sendo poupado para estas lembranças? Se for por merecimento aceito. Sim: ia esquecendo da entrevista. Jogaram uns 10 gravadores sobre uma mesa de centro, "Seu Aizen" num canto e os malucos a fazer perguntas pertinentes e impertinentes. Quem botou aquilo, depois, numa máquina de escrever, só Deus sabe. Até ser feita, eu vi. Eu estava lá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário