Camex irá preparar em 30 dias plano brasileiro de retaliação aos Estados Unidos
Governo Lula aciona lei de reciprocidade após Donald Trump impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
247 – O Brasil deu início a um processo formal de resposta às tarifas impostas pelos Estados Unidos. Segundo informações da Reuters, o Ministério das Relações Exteriores determinou que a Câmara de Comércio Exterior (Camex) elabore, em até 30 dias, um plano de retaliação comercial contra Washington. A medida foi autorizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e representa um endurecimento da postura brasileira diante das políticas adotadas pelo presidente norte-americano Donald Trump.
A iniciativa se apoia na lei de reciprocidade, aprovada pelo Congresso no início de 2025, que estabelece um marco legal para que o Brasil possa reagir a medidas unilaterais que prejudiquem suas exportações. A legislação permite ao governo aplicar contramedidas, como sobretaxas equivalentes sobre bens e serviços de países que adotem práticas consideradas desleais.
Até então, a reação brasileira estava restrita ao âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), por meio de consultas formais. Com a autorização de Lula, porém, o Brasil passa a preparar uma estratégia de retaliação direta. Caso a Camex valide o uso da lei, um grupo de trabalho interministerial será encarregado de definir quais setores norte-americanos serão alvo das medidas.
O governo dos Estados Unidos deverá ser comunicado oficialmente já nesta sexta-feira (29) sobre a abertura do processo. De acordo com a Reuters, produtos como suco de laranja e aeronaves, importantes itens da pauta exportadora brasileira, ficaram de fora da tarifa de 50% imposta por Trump. No entanto, outros segmentos industriais foram atingidos, e representantes do governo brasileiro se queixam da falta de espaço para negociação com Washington.
Trump justificou as sobretaxas acusando o Brasil de adotar “práticas comerciais injustas” e chegou a afirmar que o país conduz uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que responde a processos por participação em tentativa de golpe de Estado.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, responsável por supervisionar a Camex, não comentou o assunto até o fechamento da reportagem.
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