As discussões nessa terça-feira (16) na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) repercutiram o 'foguetório' em Fortaleza, com troca de acusações entre base e oposição do governo. O episódio, registrado na noite de segunda-feira (15), seria uma comemoração por parte da facção criminosa Comando Vermelho (CV) pela tomada de novos territórios na Capital em disputa com facção criminosa rival, a Guardiões do Estado (GDE). Ainda na segunda, a Polícia Militar do Ceará (PMCE) prendeu 19 suspeitos de participarem dessa ação.
O embate iniciou fora da Alece, entre membros do governo e lideranças da oposição. O secretário-chefe da Casa Civil do Ceará, Chagas Vieira, acusou os opositores do governo estadual de “politizar a violência” após críticas sobre o foguetório. Figuras como o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (Sem partido) e o deputado estadual Sargento Reginauro (União Brasil) reforçaram cobranças e críticas ao governo de Elmano de Freitas (PT) em postagens nas redes sociais.
Chagas reagiu e disse que a violência atinge todos, seja o governo de direita ou de esquerda. Ele lembrou o caso de um ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, estado governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi executado por criminosos nessa segunda. “Parem de politizar a violência! Ela é nacional e atinge todos, de direita e esquerda. Ontem mataram um delegado em tocaia em SP. Já o RJ nem se fala. São governos de direita. Não tem partido nisso”, disse o secretário, que pediu união de esforços entre as instituições e acusou os opositores políticos, sem citar nomes, de “oportunismo”.
“É preciso a união de todos: Justiça, Congresso, Governo Federal, estados e municípios. Oportunismo enquanto o povo sofre é criminoso”, completou.
Durante a sessão plenária da Alece, Reginauro respondeu Chagas e disse que não há como “despolitizar” o tema da segurança pública. “Deixa eu ensinar uma coisa para o senhor: segurança pública nasce politizada. Esse é um tema que não tem como despolitizar, senhor secretário-chefe da Casa Civil”, disse.
E seguiu: “Por que não tem como despolitizar? Porque a segurança pública nasce da ausência de políticas públicas para inserir o jovem no mercado de trabalho, dar uma educação de qualidade, dar moradia digna. É assim que nasce o crime. Sabe onde nasceu o crime organizado? Na ausência, na negligência, na omissão do Estado brasileiro. Segurança pública é um tema politizado por natureza, secretário. Vá estudar o tema antes de falar bobagem em rede social. Não tem como despolitizar”.
O deputado ainda reforçou as críticas às últimas gestões estaduais na política de segurança pública. “É o seu grupo, o seu partido e o seu grupo político que há 20 anos repetem uma estratégia de segurança fracassada e está entregando o nosso estado para uma única facção dominar tudo. Onde é que nós vamos parar?”.
Membros da base não deixaram de rebater Reginauro. O líder do governo na Alece, deputado estadual Guilherme Sampaio (PT), destacou a resposta do Estado à ação da facção criminosa e disse que o governador Elmano de Freitas deu um “comando claro” às forças de segurança: “ser implacável no combate ao crime organizado”. Sampaio ainda alfinetou a atuação da oposição quanto à segurança.
“E fazê-lo não é ir para as redes sociais e postar um filmezinho, fazendo às vezes o papel de propagandista de organização criminosa. Fazê-lo é o que a nossa polícia fez ontem: ir lá na comunidade onde estão soltando os fogos, caçar bandido e prender. Queremos nosso povo livre, se sentindo tranquilo e confiando na Polícia. Eu fico lembrando de alguns que, em situações como essa, vão para uma comunidade, vestem um colete, nem na ativa estão mais, colocam uma pistola para gravar vídeos demagógicos”, falou o líder, em uma possível referência ao ex-deputado federal Capitão Wagner (União), que publica vídeos em suas redes sociais em que trata da violência.
Sampaio ainda lembrou ações recentes do Governo do Estado de reforço na repressão ao crime como aumento no efetivo das forças de segurança, investimento em tecnologia e inteligência, além de políticas de prevenção na área social.
Por Igor Magalhães
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