Município do Sertão Central cearense está no centro de um furacão político. Cidade ainda pode passar por novas eleições municipais
Já se passou um ano desde que o prefeito eleito de Choró, Carlos Alberto Queiroz Pereira, mais conhecido como Bebeto Queiroz ou Bebeto do Choró, tornou-se alvo de um mandado de prisão preventiva no contexto da Operação Vis Occulta, da Polícia Federal (PF), mandado esse que até hoje não pôde ser cumprido. Isso acontece porque o político está foragido.
Em 2024, Bebeto Queiroz ganhou a eleição em Choró - município do Sertão Central do estado com cerca de 12,3 mil habitantes - com 61,10 % dos votos válidos. Eleito pelo PSB, Bebeto derrotou o então candidato Professor Antônio Delmiro (PT). No entanto, o eleito foi impedido pela Justiça Eleitoral de assumir o cargo para comandar a cidade.
Os problemas começaram ainda em 2024 quando Bebeto foi alvo, em 22 de novembro, da Operação Ad Manus, deflagrada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) em parceria com Polícia Civil do Ceará (PCCE) e PF. A ação apurava irregularidades em contratos de prestação de serviço para abastecimento de veículos na Prefeitura de Choró.
Bebeto chegou a ser preso temporariamente no dia 23 depois de se apresentar às autoridades policiais, mas depois foi solto com o término do mandado de prisão, que tinha validade de dez dias. Sobre essa operação, Bebeto divulgou uma nota em que apontou "sua total inocência" e disposição para colaborar com a Justiça.
Já no dia 5 de dezembro de 2024 o prefeito foi alvo da Operação Vis Occulta, deflagrada pela PF, com o apoio do Ministério Público Eleitoral. Desde esse dia o paradeiro de Bebeto é tido como desconhecido. A ação mirava um grupo criminoso responsável por um esquema de corrupção envolvendo desvio de recursos de emendas parlamentares para compra de votos em dezenas de cidades no Ceará. Também há a suspeita de envolvimento de Bebeto com facções criminosas.
O caso na Justiça
Atualmente há um inquérito contra o prefeito tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF) devido à citação de pessoas com foro privilegiado, como o deputado federal Júnior Mano (PSB). O parlamentar foi alvo, em julho, da Operação Underhand, da PF, um desdobramento da ação contra Bebeto. O processo está no gabinete do ministro Gilmar Mendes, sob segredo de Justiça. Ainda existem outras frentes jurídicas simultâneas analisando esse caso.
No âmbito da Justiça Eleitoral, Bebeto foi cassado, em agosto, pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) por abuso de poder político e econômico nas eleições de 2024. A cassação também atingiu o vice-prefeito Bruno Jucá Bandeira (PRD).
Além disso, a Corte determinou a realização de uma nova eleição no município do Sertão Central cearense. No entanto, como ainda há recursos pendentes na Corte, a nova eleição ainda não foi realizada. Atualmente Choró é administrada temporariamente pelo pelo presidente da Câmara Municipal, o vereador Paulo George Saraiva, o Paulinho (PSB).
Buscas pelo prefeito
A reportagem acionou as forças de segurança envolvidas nas buscas por Bebeto em busca de atualizações sobre as operações. A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Ceará orientou a procura da PF, que coordena a investigação relacionada ao caso.
A PF, por sua vez, não respondeu à reportagem. Porém, anteriormente, a instituição se manifestou dizendo que não confirma nem fornece informações sobre os envolvidos, assim como sobre suas ações, operações, prisões, investigações e inquéritos em andamento.
No partido
No âmbito partidário, o caso de Bebeto também passou a ser alvo de análise do PSB, partido ao qual ele é filiado. Em janeiro, a direção estadual do partido constituiu uma Comissão de Ética para analisar o caso dele e de outros filiados. Desde então, a Comissão estaria preparando um parecer para apresentar à Executiva estadual. A reportagem procurou a assessoria do PSB Ceará para saber se houve algum avanço nesse processo, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
Ao O Estado, o líder do PSB na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), deputado estadual Marcos Sobreira, disse que a sigla aguarda uma definição judicial para se posicionar e pregou não fazer "prejulgamentos".
"O processo judicial transita em segredo de justiça. Então, o partido não tem acesso. Como ele (o processo) transita em segredo de justiça, eu acho que, por enquanto, vamos dizer assim, eu acho que nós não devemos prejulgar ninguém antes do tempo, quando a justiça decidir e encaminhar ao partido, qualquer que seja a decisão, o partido irá liberar na sua Comissão de Ética. É isso que eu defendo", afirmou.

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