
Presidente deposto afirma que Honduras 'sofreu um golpe de estado'.
Zelaya se refugiou na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, afirmou na noite de terça-feira (22) que a oferta de diálogo feita pelo governante interino de Roberto Micheletti é uma "manipulação", e o acusou de não ter vontade de resolver a crise que vive o país.
"Tudo isto é uma manipulação", indicou Zelaya em declarações a uma emissora de rádio e a um canal de TV, depois que Micheletti manifestou sua disposição a dialogar com o líder deposto para solucionar a crise que vive o país, desde que Zelaya reconheça as eleições marcadas para 29 de novembro e sem que isto signifique sua volta ao poder.
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Zelaya acrescentou que "não há vontade de resolver a crise" em Micheletti, e afirmou que Honduras vive uma convulsão "por causa de um golpe de Estado", de 28 de junho.
"Devem deixar de manipular a opinião pública. Eu vim aqui para que o diálogo seja direto, para que não tenha comparsas, nem nenhum tipo de distúrbios", ressaltou o presidente deposto, que retornou a Honduras na segunda-feira (21), e, desde então, está refugiado na sede da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.
Micheletti havia proposto o uso de intermediário para tentar resolver a questão. O líder deposto de Honduras quer uma conversa direta.
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, com seu característico chapéu sobre o rosto, descansa no interior da Embaixada do Brasil em Honduras, em Tegucigalpa, na noite de segunda para terça-feira (22). (Foto: Reuters)
Zelaya disse que não há "igualdade para todos" nas eleições gerais convocadas para o próximo dia 29 de novembro. "Assim não há trato. Se há eleições têm que haver condições de igualdade para todos, não perseguição contra uns e favor para outros", expressou o líder deposto pouco depois que Micheletti anunciou sua oferta de diálogo através de seu chanceler, Carlos López.
Zelaya indicou que ele não pretende fugir da Justiça em seu país, e que irá encarar as "supostas acusações" contra si por supostos delitos de corrupção, incluído o de "traição à pátria", que fez a Promotoria.
Acrescentou que responderá a essas acusações no momento em que for chamado. Ele, porém, afirmou que o governo de Micheletti "não pode desconhecer que houve um golpe de Estado".
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"Ou eles negam que houve um golpe de Estado, que também é um delito. Eles também têm que responder aos tribunais por esse delito", disse Zelaya, que chegou de surpresa em Honduras 86 dias depois do golpe.
Disse, além disso, que está chamando as comunidades nacional e internacional e "as forças vivas da sociedade para que se inicie o diálogo para a reconstrução do sistema democrático do país, e para que nunca mais volte a se desrespeitar a soberania popular, que é o mais sagrado de uma democracia".
A comunidade internacional, que não reconhece ao regime de Micheletti, também assinalou que não reconhecerá o próximo governo eleito se Zelaya não for restituído ao poder.