Saúde e Aviação renovam parceria com aéreas para transporte de órgãos
Novo acordo prevê que, além de órgãos sólidos e
tecidos, medula óssea possa ser enviada para todo o país por meio de
parceira entre empresas e Ministério da Saúde e Secretaria de Aviação
Civil
Pacientes de todo o Brasil que precisam receber
doação de medula óssea agora contam com mais uma novidade para facilitar
o acesso gratuito aos transplantes desses órgãos. A parceria do
Ministério da Saúde e Secretaria de Aviação Civil com empresas áreas que
prevê o transporte de órgãos para transplante foi renovada nesta
quinta-feira (3/12). Agora, a iniciativa passa a incluir a medula óssea
entre os órgãos passíveis de serem transportados por avião para fins de
transplante.
O transporte da medula dependia da criação de um fluxo específico, tendo
em vista que não pode passar pelo sistema de raio-x. A inclusão no
termo propicia a regulamentação técnica no sentido de viabilizar que
esses materiais passem a ser transportados sem a necessidade de colocar
na esteira do aparelho, o que poderia deteriorar o tecido.
“O Sistema Nacional de Transplantes brasileiro é o maior sistema público
de transplantes do mundo. A parceria com as companhias aéreas e os
órgãos que compõem o sistema de transporte de órgãos gratuito é um
exemplo do que estamos fazendo para melhorar a vida das pessoas que
estão na situação mais difícil de saúde, precisando de um transplante”,
destacou o ministro da Saúde, Marcelo Castro.
A renovação do documento foi assinada pelos ministros da Saúde, Marcelo
Castro, e da Aviação, Eliseu Padilha, durante o II Fórum de Logística do
Sistema Nacional de Transplantes. Além da Saúde e da Aviação, fazem
parte do acordo o Comando da Aeronáutica, a Infraero, as companhias
aéreas TAM, Gol, Avianca, Azul e Passaredo, as concessionárias
aeroportuárias, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), a Associação
Nacional das Empresas Administradoras de Aeroportos (ANEEA) e a
Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR).
Com duração de dois anos, o acordo foi assinado em dezembro de 2013 e
está sendo renovado pela primeira vez. Com a parceria, foi possível
ampliar o número de voos disponíveis para transportar órgãos evitando
desperdício, aumentando a oferta, reduzindo as distâncias e
desigualdades regionais, além de beneficiar as pessoas que aguardam por
um órgão em todo o Brasil.
“A renovação da parceria fortalece uma rede na qual as empresas aéreas
cada vez mais fazem parte de uma corrente de solidariedade em favor da
vida. O acordo permite fazer a logística de uma forma mais ágil, sempre
em benefício do paciente. Isso só é possível em um país com as dimensões
do Brasil por via aérea, por isso a importância dessa parceria”,
ressaltou o secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame.
BALANÇO – Em 2012, ainda com o acordo com as empresas aéreas limitado, foram realizados 2.568 voos. Já em 2013, foram
6.064, um aumento de 136%. Em 2014, 5.061 voos transportaram órgãos e
equipes de saúde. Nesse período foi registrada queda no número de voos
pela otimização da utilização da malha aérea e do fluxo de distribuição.
Ou seja, o Ministério da Saúde transportou mais itens utilizando menos
voos. Até outubro deste ano já foram contabilizados 3.317 voos.
A quantidade de itens levados por avião registrou crescimento de 89,5%
entre 2012 (3.568) e 2013 (6.763), quando o convênio passou a vigorar.
Apesar da queda no número de voos entre 2013 e 2014, o volume
transportado aumentou 18%, com 7.993 itens em 2014. Entre os órgãos que
registraram maior ampliação no mesmo período, estão as valvas cardíacas
(55,3%) e rim (49,8%). Em 2015, foram 5.625 itens transportados até
outubro. O acordo prevê ainda o transporte gratuito de equipes de
captação, composta de profissionais de saúde especialistas, autorizados
pelo Ministério da Saúde.
MONITORAMENTO – Com o acordo, desde 2013 uma equipe do
Ministério da Saúde coordenada pela Central Nacional de Transplantes
(CNT) acompanha o tráfego aéreo dentro da sala do Comando de
Gerenciamento de Navegação Aérea no Rio de Janeiro (CGNA/RJ) 24 horas
por dia em regime de plantão.
Com isso, a CNT aloca o órgão no voo mais conveniente, respeitando o
tempo de isquemia, já que a comunicação é direta e imediata com as
demais entidades envolvidas no transporte de órgãos (Comando da
Aeronáutica, companhias aéreas, operadoras aeroportuárias, entre
outras). Além disso, as aeronaves que estiverem transportando órgão têm
prioridade em pousos e decolagens.
DOAÇÃO – Doador vivo é qualquer pessoa saudável que
concorde com a doação, desde que não prejudique a própria saúde. Pode
ser doado um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte
do pulmão.
O doador falecido é um paciente com morte encefálica atestada pelo
médico. Para ser doador no Brasil não é preciso deixar nada por escrito,
nem registrado em documentos. O essencial é ter uma conversa com a
família sobre essa intenção. A decisão é da família e ela deve estar
ciente da intenção da pessoa que faleceu em ser doadora de órgãos. Podem
ser doados coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, rins, córnea,
vasos, pele, ossos e tendões.