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Senado adia votação de entrada de Venezuela no Mercosul após nova polêmica de Chávez

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

O Senado adiou para a semana que vem a votação do protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul. Sem a certeza de apoio suficiente de senadores governistas para a aprovação da matéria, os líderes da base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiram votá-la somente na próxima quarta-feira. Até lá, a disposição dos governistas é buscar apoio em favor da adesão da Venezuela ao Mercosul.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), confirmou o adiamento da votação durante sessão plenária desta terça-feira. É o segundo adiamento consecutivo da votação da proposta, prevista para ter sido realizada inicialmente na semana passada.

Líderes governistas admitiram que as recentes declarações do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de que os líderes militares da Venezuela devem estar preparados para a "guerra" no continente, podem colocar em risco a aprovação da adesão do país ao Mercosul.

Chávez fez as declarações no último final de semana, o que dificultou as negociações dos governistas para a votação do ingresso da Venezuela no Mercosul amanhã. A oposição trabalha para adiar a votação do protocolo de adesão até que haja um compromisso do governo venezuelano de que não há uma "situação de guerra" no continente.

DEM e PSDB temem que Chávez, no comando da Venezuela, traga instabilidade à democracia no Mercosul --por isso são contrários à aprovação da matéria. Dentro da base governista, há senadores contrários ao ingresso da Venezuela no Mercosul, o que motivou líderes da base aliada a adiarem a votação da matéria.

O senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB no Senado, disse que a disposição dos partidos oposicionistas é discutir a votação da matéria, sem obstruí-la em plenário. "Hoje eu disse que não estávamos em condição de votar porque o presidente Chávez não se cansa de nos surpreender. Pedimos uma semana a mais não para enrolar, mas queremos discutir exaustivamente. Quem tiver mais votos, leva", disse o tucano.

Para o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), as declarações de Chávez não podem ser levadas em consideração no momento em que o Senado for decidir sobre o futuro da Venezuela no Mercosul.

"Não estou fazendo uma defesa do presidente Chávez, mas elas foram feitas dentro de um contexto. Isso cai mais no colo dele. Essa discussão não deve permear o debate, que é uma questão muito mais de retórica do que de qualquer outra coisa", afirmou Jucá.

Guerra

Chávez afirmou neste domingo que os líderes militares devem estar preparados "para a guerra" e pediu aos cidadãos que "defendam a pátria" contra futuros ataques que poderiam ser orquestrados pelos Estados Unidos através da Colômbia.

"Não vamos perder um dia na nossa principal missão: nos preparar para a guerra e ajudar as pessoas a se preparar para a guerra", afirmou. "Senhor comandante da guarnição militar, batalhões da milícia, treinemos. Estudantes revolucionários, trabalhadores, mulheres: todos prontos para defender esta terra sagrada chamada Venezuel", acrescentou.

Chávez, criticando novamente o acordo militar assinado nos últimos dias entre os EUA e a Colômbia, pediu o seu colega americano Barack Obama que evite cair na tentação de uma agressão contra a Venezuela.

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