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Empresas de Eike terão desconto na água

Por Bruno Pontes
Da Redação do Jornal O Estado

As termoelétricas Porto do Pecém Geração de Energia e MPX Pecém II Geração de Energia, do grupo do empresário Eike Batista, receberão do governo estadual desconto de 50% na tarifa de água.

O desconto foi aprovado ontem, na Assembléia Legislativa, com votos contrários de Heitor Férrer (PDT) e Roberto Mesquita (PV) e abstenção de Ely Aguiar (PSDC).

Segundo o líder do governo, Antônio Carlos (PT), o incentivo fiscal é “fundamental para o desenvolvimento econômico do Estado”. Em contrapartida, as empresas pagarão R$ 400 mil mensais à Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) para a manutenção dos serviços.

O cálculo não convenceu aqueles três parlamentares, que julgaram o abatimento muito elevado. “Vamos dar água 50% mais barata para o sétimo homem mais rico do mundo. Se uma indústria quer se instalar no Ceará, que se instale, mas pagando os mesmos tributos que um homem comum paga”, disse Férrer.

Da mesma forma pensaram Roberto Mesquita e Ely Aguiar, para quem o benefício fiscal concedido às empresas de Eike Batista deveriam ser estendidos aos pequenos e médios empresários cearenses.

CONSERVADORES
Antônio Carlos não gostou das justificativas: “É necessário gerar energia para o desenvolvimento do Estado. Fico surpreso com alguns discursos aqui, com deputados que adotam um discurso de certo modo até reacionário e conservador”.

Mesquita replicou lembrando que, outrora, o grande crítico de políticas de incentivos fiscais era justamente o PT. “O líder do governo se diz surpreso com alguns que mudaram de discurso. Nós é que nos surpreendemos”.

O CASO DA VALE
O deputado do PV apresentou o caso da privatização da Vale do Rio Doce pelo governo Fernando Henrique como exemplo da metamorfose petista.

“O PT colocou como maior pecha dos tucanos a privatização, e no momento em que o deputado Ivan Valente do PSOL pediu um plebiscito para reestatizar a Vale, o deputado José Guimarães, do PT, deu um parecer contrário. Portanto, é fácil ver quem foi que mudou de discurso”, afirmou Mesquita.

Em 2007, Guimarães, relator da proposta de reestatização da Vale na Comissão de Assuntos Econômicos da Câmara, apresentou parecer em que diz que “a privatização levou a Vale a efetuar investimentos numa escala nunca antes atingida pela empresa, graças à eliminação da necessidade de partilhar recursos com o Orçamento da União, o que, naturalmente, se refletiu em elevação da competitividade da empresa no cenário internacional”.
Em outro trecho do relatório contrário à reestatização da Vale, Guimarães registra que “o número de empregos gerados pela Companhia também aumentou desde a privatização - em 1996, eram 13 mil e, em 2006, já superavam mais de 41 mil”.

Tucano no
Banco Central
No embalo, Mesquita recordou que Lula, ao eleger-se presidente, logo recorreu aos serviços de um tucano para a área econômica: “Qual foi a primeira coisa que o PT fez quando chegou ao governo? Trouxe um deputado do PSDB, Henrique Meireles, para o Banco Central”.

Ely Aguiar também contrapôs o PT de antes ao de agora: “A esquerda que hoje está no poder tinha um discurso de privilegiar a classe operária, e era completamente contra o grande empresário. De repente, vemos esse grande benefício para um grande empresário [Eike Batista]”.

O único petista a responder foi Dedé Teixeira: “Não dá para aceitar posições retrógradas de alguns deputados que insistem em alfinetar o PT”.

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