Divergências expõem crise na Câmara
A
falta de entendimento beira o limite. Discussão acirrada entre o
presidente da Câmara Municipal, vereador Walter Cavalcante e vereadores
marcou parte da sessão ordinária da manhã de ontem. O embate foi
motivado pela instalação do Conselho de Ética da Casa, o projeto de
resolução, de 2009, do vereador Guilherme Sampaio que institui a criação
de um código de ética para a Casa e a presença de guardas municipais
armados no Legislativo.
Guilherme
Sampaio defendeu que, assim como as propostas de plebiscitos, o seu
projeto de resolução, também, tramitasse em regime de urgência. Ao ser
informado pelo vereador Vítor Valim (PMDB) que sua proposta seria
analisada pelo recém-formado Conselho de Ética, durante o recesso
parlamentar, juntamente com o projeto semelhante do ex-vereador
Machadinho, o petista expôs sua irritação com a gestão atual da Mesa
Diretora. Guilherme criticou a postura do Walter Cavalcante (PMDB), com
alguns parlamentares e matérias.“A gestão tem sido ciosa para determinados temas e autores. Há desmoralização de lideranças políticas, descumprimento de acordos. O clima está muito ruim neste Parlamento. Falta liderança política na Casa. O presidente deveria vir ao Plenário. Dialogar. Não dá mais. Ou o presidente muda sua conduta e vem ao plenário assumir os compromissos com os vereadores e vereadoras ou vamos ter muitas crises neste Parlamento”, disse o petista, acrescentando que Walter tem legitimidade para cumprir seus compromissos políticos.
GUARDA ARMADA
Neste momento, pipocou outra reclamação. Desta vez, foi o vereador Joaquim Rocha (PV). O parlamentar questionou a presença de guardas municipais armados nos corredores da Câmara Municipal. O vereador Eulógio Neto (PSC) também cobrou explicações.
Walter Cavalcante, até então ausente, na Mesa Diretora, apareceu para conter os ânimos dos parlamentares. Ele explicou ter solicitado a retirada do pelotão armado, pois, segundo ele, “a Casa é do povo, que deve ser recebido com humildade, não com repressão”. Mesmo contemporizando a situação, o presidente não respondeu a pergunta do vereador Eulógio, que havia questionado de quem tinha partido a ordem de trazer a guarda armada para as dependências da Câmara.
PONTO CRÍTICO
Ao vereador Guilherme Sampaio, o peemedebista esclareceu que não descumpriu nenhum acordo. O Conselho de Ética, afirmou Walter, havia decidido analisar o projeto do ex-vereador Machadinho durante o recesso parlamentar. Ciente de que o projeto de resolução do petista versava sobre o tema, o presidente sugeriu que a proposta de Guilherme também fosse analisada. Segundo ele, os membros do colegiado decidiram, por unanimidade, por essa solução, inclusive, com a aquiescência do vereador Deodato Ramalho (PT), até então, o escolhido para representar o Partido dos Trabalhadores no Conselho de Ética.
A fala do presidente foi corroborada pela vereadora Toinha Rocha (Psol), que afirmou a necessidade de analisar as propostas e, se preciso, acrescentar emendas. “Temos que fazer um Código de Ética para o futuro. Decidimos isso com a conivência do vereador Deodato Ramalho”, informou a parlamentar.
A justificativa não foi bem recebida por Guilherme, que pediu respeito ao seu mandato de vereador. Conforme sua avaliação, se o colegiado tinha decidido por uma análise do projeto, ele deveria ter sido comunicado antes da deliberação, haja vista que mandou cópias de sua proposta para todas as lideranças há mais de um mês. Em resposta, Vitor Valim, líder peemedebista, na Casa, afirmou que essa cópia não chegou as suas mãos.
BATE-BOCA
O assunto sobre o projeto de Guilherme acabou gerando outro bate-boca entre petistas e Walter Cavalcante. Desta vez, motivado pela mudança do representante do PT no Conselho de Ética. Deodato Ramalho disse renunciar ao cargo em prol do correligionário Guilherme Sampaio, o que não foi aceito pelo presidente da Casa, antes que a atual composição do colegiado fosse publicada, no Diário Oficial do Município. Walter solicitou que Deodato oficializasse a renúncia. “Anunciar, no Plenário da Casa, não é oficial?”, questionou Deodato. E acrescentou: “Não tomarei posse”.
Walter solicitou mais uma vez que ele se manifestasse de forma oficial. “Encaminhe um ofício”, disse, irritando Deodato Ramalho. Alguns parlamentares chegaram a solicitar tranquilidade ao petista. Para esfriar a discussão, o vereador Acrísio Sena (PT) afirmou que era uma prerrogativa do PT indicar um nome, que representasse a legenda, no Conselho de Ética. “Vamos fazer isso por escrito. O nome que indicamos para o Conselho é do vereador Guilherme Sampaio, decidido por unanimidade entre nós”, comunicou Acrísio.


