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Coluna do blog

Irritação ou deseducação?
Uma onda de mal estar tem feito do Brasil um lugar de insistentes atitudes que mostram uma comunidade intolerante, irritada, deseducada. As pessoas discutem, brigam e se matam no transito. Outro dia uma vetusta coroa,das tipo desesperadas, brindou-me com um cotoco porque, numa faixa de transito para pedestre, avançada por ela ameaçando as pessoas, quase me atropela. Dediquei-lhe um "doida" e ouvi em resposta um "vai tomar no..." seguido de um dedo, o "maior de todos", vizinho do "seu vizinho e do do "fura bolo", erguido como um troféu. As pessoas à volta riram. Foi a reação das pessoas: riram. Isso tem resvalado das ruas do povo, para as ruas do povo com o mundo político. Acossaram, já em duas ocasiões, o Ministro do Supremo, Gilmar Mendes, agredindo-o com palavras e gestos no Brasil e fora dele. Até mesmo em avião. O mesmo aconteceu com a senadora Gleise Hofmann,seguida e atacada por mulheres absolutamente intolerantes ao que os outros pensam e/ou professam. Calma! Estou registrando, que é como ganho a vida. Se e quando for para emitir opinião, fa-lo-ei, como sempre tenho feito. A última, foi um intolerancia grosseira, doméstica.E agora é opinião; O deputado federal José Airton, num palanque do Governador do Estado, em Aracati, desfilava um rosário de valores para obras e ações enviadas por ele, segundo ele, para Aracati, sua terra. Ao lado do governador, estava o prefeito de Aracati, o ex-Secratário de Turismo do Ceará, Bismark Maia, um moço bem educado, filho de um saudoso e carinhoso amigo. À medida que José Airton discursava, Bismark subia o tom; "É mentira". "Mentira!". Alguém interferiu, acho que o próprio governador, nitidamente constrangido. Assustou ver o vídeo, que agora o mundo tem zilhões de repórteres gravando tudo para botar nas tais redes sociais. Ninguém escapa do patrulhamento da vida das pessoas. O que é isso? É uma irritação generalizada? É uma falta de educação aflorando sob cada pedra? É uma intolerancia grosseira e mal educada? É simples deseducação? Por favor, não recriem o mundo à sua imagem e semelhança. Nós da X e a geração Y não merecemos.


A frase; "O que vai ser do carnaval com tamanha intolerancia?" Um cuidadoso observador da cena.


Presidente da Câmara (Nota da foto)
Salmito Filho (PDT) anunciou no plenário da Casa, a criação de um novo site para a Ouvidoria da Casa. “Estamos buscando nos aperfeiçoar para avançarmos na transparência”. - O TCE já falou bem da gente, mas sempre é bom aperfeiçoar,disse.


Sem volta
Após um mês de operações coordenadas pela Secretaria Municipal de Patrimônio, Serviços Públicos e Transportes (SPSPTrans), os serviços de coleta de lixo domiciliar chegam a uma nova etapa em Caucaia: um calendário de coleta domiciliar. Ê ê!


Quase pronto
A estrada que demanda Fortaleza a Aracati está tendo concluida sua duplicação. Rumo às praias do litoral leste do Ceará, a CE 040 tem quase findos os trabalhos entre Beberibe e Fortim. Vai ficar um pulo ir a Canoa Quebrada.


Números de Camilo
O Governo do Estado publicou o Relatório de Gestão Fiscal, detalhando as receitas da administração pública e as despesas. Em 2017 o Governo arrecadou 93,39% da sua previsão atualizada que era de R$ 25.842.530.855,06. Furou em R$ 1.709.177.047,43.


Pessoal pesa
A sua maior despesa foi com pessoal, somando R$ 8.822.243.973,36, correspondendo a 42,42% da Receita Corrente Líquida, dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Do total, R$. 2.095.002.860,32 correspondem ao pagamento do pessoal inativo, os aposentados e pensionistas.


Assembleia e TCE
Agora o governador mandará os números à consideração da Assembleia Legislativa que, para se manifestar sobre as contas referentes ao ano de 2017, que recorrerá ao Tribunal de Contas do Estado. O parecer do TCE dirá se as contas devam ou não ser aprovadas.


A decisão do PSL nacional
O Capitão Wagner e Heitor Freire serão coordenadores da campanha do presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ) no Ceará. É contra os interesses do deputado federal Cabo Sabino, que queria comandar os trabalhos da candidatura do postulante no Estado.


Huck em vídeo
“O que a gente precisa no Brasil é renovação”. Durante a apresentação dos futuros candidatos ao Legislativo apoiados pelo Renova, Huck disse, em vídeo, que o Brasil precisa de gente “com vontade de pôr a mão na massa”.


Parece campanha
“Na minha geração eu consigo enxergar competência, gente engajada e que eu admiro em vários setores. Na política é muito difícil conseguir encontrar muita gente da nossa geração, que está a fim de servir de fato e que esteja fazendo um bom trabalho. Então, o que a gente precisa no Brasil é renovação.”

Bom dia

Será lançado nesta 3ª. feira, livro que faz registro histórico de advogados cearenses
Editado pelo jornalista e advogado Sabino Henrique, será lançado nesta terça-feira, 06, a partir das 19 horas, no La Maison Dunnas, em Fortaleza, o Álbum “Os Mais Admirados Advogados do Ceará – 2017”. Com apresentação do editor e ensaio do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Ceará, Marcelo Mota, sob o titulo ‘OAB - uma entidade que acolhe a jovem advocacia e estimula sua entrada no mercado de trabalho”, a edição é comemorativa ao 10o. aniversário da publicação, e contém o perfil profissional e foto de 44 profissionais do direito, todos cearenses.

Ta tudo dominado

  • ”Grupo que aterroriza CE tem exército de jovens e poder descentralizado” 
  •  
  • - Os policiais do 22º Batalhão, no bairro Papicu, em Fortaleza, se surpreenderam ao deixarem o prédio na manhã de quinta-feira (1º). Com pedras retiradas da calçada da própria rua, alguém deixou uma mensagem na porta da sede da Polícia Militar: "td [tudo] nosso, GDE 745". GDE é a sigla para Guardiões do Estado, facção criminosa nascida na capital cearense que tem assustado a população, incomodado o governo e chamado a atenção pela ousadia das ações. O 745 é o número adotado por seus membros, pela posição das letras da sigla no alfabeto. Muitos tatuam os três números pelo corpo lógica semelhante à do PCC em São Paulo, com o símbolo 1533.
  • É incerta a data de sua criação. A inteligência da polícia identificou pela primeira vez o uso da sigla GDE no bairro Conjunto Palmeiras, na periferia da capital, em 2012 uma dissidência de uma torcida organizada de futebol que migrou para o crime, dizem moradores da região. O certo é que aqueles que se denominaram Guardiões do Estado se aproveitaram de relativa paz entre duas outras facções criminosas, o PCC e o Comando Vermelho, em 2016, para ganhar território na venda de drogas na cidade. E quando a tranquilidade acabou, há 15 meses, o GDE já havia dominado boa parte da região leste de Fortaleza.
  • Hoje, o número de integrantes cresceu a tal ponto que domina uma unidade prisional inteira, a CPPL 2 (Casa de Privação Provisória de Liberdade), em Itaitinga, região metropolitana, com capacidade para mais de 950 detentos. E o dominar não é força de expressão. "O Estado não tem o poder sobre a unidade. Há uma ala administrativa, onde os agentes ficam, mas eles não têm acesso à parte das celas, que estão abertas. Comida, medicamentos e mantimentos são passados pelos agentes, mas quem controla são os internos", disse o advogado da OAB do Ceará Cláudio Justa, presidente do Copen (Conselho Penitenciário).
  • Para evitar mortes como as que ocorreram em outros presídios do Brasil, a gestão do governador Camilo Santana (PT) dividiu parte de suas penitenciárias por facções. A CPPL 1 abriga membros do Comando Vermelho, a 2, do GDE, a 3, do PCC e a 4, da Família do Norte. Nessas outras unidades, diz Justa, os agentes têm controle maior. "Mesmo assim porque o governo acaba cedendo a alguns pedidos dos detentos."
  • Para Arthur Trindade, professor da UnB e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o modo como opera faz com que a Guardiões do Estado tenha uma característica mais de uma gangue do que de facção criminosa. "O termo gangue é para aquele grupo local, de bairros, que acaba expandido, pouco estruturado e normalmente mais violento. Facções são estruturadas, têm códigos de ética que as deixam menos violentas", disse.

Olhaí o que é que o Camilo vai fazer hoje

Agenda do governador Camilo Santana para esta segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018:

7h30: Volta às aulas e inauguração da Escola de Ensino Médio Dr Gentil Barreira
Local: Rua 202, 2ª Etapa, Conjunto Ceará 

17h: Evento em Tarrafas

19h: Evento em Cariús

Ceará na foto da imprensa nacional


  • ”Grupo que aterroriza CE tem exército de jovens e poder descentralizado”  
  • - Os policiais do 22º Batalhão, no bairro Papicu, em Fortaleza, se surpreenderam ao deixarem o prédio na manhã de quinta-feira (1º). Com pedras retiradas da calçada da própria rua, alguém deixou uma mensagem na porta da sede da Polícia Militar: "td [tudo] nosso, GDE 745". GDE é a sigla para Guardiões do Estado, facção criminosa nascida na capital cearense que tem assustado a população, incomodado o governo e chamado a atenção pela ousadia das ações. O 745 é o número adotado por seus membros, pela posição das letras da sigla no alfabeto. Muitos tatuam os três números pelo corpo lógica semelhante à do PCC em São Paulo, com o símbolo 1533.
  • É incerta a data de sua criação. A inteligência da polícia identificou pela primeira vez o uso da sigla GDE no bairro Conjunto Palmeiras, na periferia da capital, em 2012 uma dissidência de uma torcida organizada de futebol que migrou para o crime, dizem moradores da região. O certo é que aqueles que se denominaram Guardiões do Estado se aproveitaram de relativa paz entre duas outras facções criminosas, o PCC e o Comando Vermelho, em 2016, para ganhar território na venda de drogas na cidade. E quando a tranquilidade acabou, há 15 meses, o GDE já havia dominado boa parte da região leste de Fortaleza.
  • Hoje, o número de integrantes cresceu a tal ponto que domina uma unidade prisional inteira, a CPPL 2 (Casa de Privação Provisória de Liberdade), em Itaitinga, região metropolitana, com capacidade para mais de 950 detentos. E o dominar não é força de expressão. "O Estado não tem o poder sobre a unidade. Há uma ala administrativa, onde os agentes ficam, mas eles não têm acesso à parte das celas, que estão abertas. Comida, medicamentos e mantimentos são passados pelos agentes, mas quem controla são os internos", disse o advogado da OAB do Ceará Cláudio Justa, presidente do Copen (Conselho Penitenciário).
  • Para evitar mortes como as que ocorreram em outros presídios do Brasil, a gestão do governador Camilo Santana (PT) dividiu parte de suas penitenciárias por facções. A CPPL 1 abriga membros do Comando Vermelho, a 2, do GDE, a 3, do PCC e a 4, da Família do Norte. Nessas outras unidades, diz Justa, os agentes têm controle maior. "Mesmo assim porque o governo acaba cedendo a alguns pedidos dos detentos."
  • Para Arthur Trindade, professor da UnB e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o modo como opera faz com que a Guardiões do Estado tenha uma característica mais de uma gangue do que de facção criminosa. "O termo gangue é para aquele grupo local, de bairros, que acaba expandido, pouco estruturado e normalmente mais violento. Facções são estruturadas, têm códigos de ética que as deixam menos violentas", disse.
  • Da Folha

Opinião

Quando falar português, em Portugal, não basta!

Juliana Iorio

Faz parte do senso comum dizer que "os brasileiros emigram para Portugal por causa da língua". Mas, como já referi em outro artigo, as motivações para migrar, bem como para a escolha do país de destino, não se reduzem a um único fator. Quando muito pode dizer-se que o idioma é um dos fatores que podem motivar esta escolha, e que enquanto facilitador da comunicação pode ser um capital social importante na concretização desta mobilidade.
Contudo, ao investigar o caso dos estudantes brasileiros no ensino superior português tenho observado que, para além das dificuldades que encontram com a língua portuguesa falada em Portugal (diferenças de vocabulário, concordância, fonética, sotaques, regionalismos, gírias, etc.), a maioria não sabe que no ensino superior português o conhecimento da língua inglesa é fundamental (é cada vez mais comum o uso do inglês em aulas, bibliografias, participação em conferências e escrita de papers, já que a academia portuguesa quer marcar presença nas principais revistas científicas do mundo, e estas encontram-se, maioritariamente, em inglês).
Portanto, a partilha do mesmo idioma, um dos fatores que têm contribuído para a mobilidade destes estudantes para Portugal, não se tem mostrado muito eficiente quando a questão se prende com a integração dos mesmos no país. Apesar de ambos os países terem como língua oficial a portuguesa, o facto é que os brasileiros incorporaram à "língua de Camões" algumas diferenças (muitas vezes provenientes dos autóctones, de outros colonizadores, imigrantes, etc.), nem sempre vistas com bons olhos pelos portugueses.
Por isso, alguns estudantes brasileiros referem já ter ouvido, inclusive de professores, que o português que falam não é o correto. Custa-me acreditar que um estudante universitário brasileiro não saiba utilizar a língua portuguesa, da forma como a utilizamos no Brasil, corretamente. Mas que a utiliza de forma diferente, é certo! Assim, acho mais plausível admitir que não se trata de uma utilização errada, mas diferente. Obviamente se estes estudantes escolheram vir para Portugal devem fazer um esforço para se adaptarem à língua que aqui é falada. Mas visto que as universidades portuguesas também têm interesse em atrair estudantes estrangeiros, sobretudo dos países lusófonos (como já expliquei em outro artigo), será que elas também não deveriam fazer um esforço para aceitar estas diferenças? Parece-me que separar "erro" de "diferença" é o primeiro passo que deve ser dado em direção a uma maior integração.
Quanto ao uso do inglês, enquanto alguns estudantes brasileiros veem nisso uma "mais-valia", uma forma de melhorar este idioma, outros consideram "um absurdo", uma forma "arrogante" de as universidades portuguesas se posicionarem em concordância com os desígnios eurocêntricos de dominação da língua inglesa e de autores anglo-saxões. Ou seja, é paradoxal que o uso do inglês como forma de internacionalização do ensino superior português possa afastar a maior comunidade de estudantes estrangeiros do país: a brasileira.
A dificuldade que o brasileiro sempre teve com a língua inglesa baseia-se numa aprendizagem de fraca qualidade durante o ensino fundamental e médio (1.º ao 12.º ano), onde somente quem fosse capaz de custear um curso privado de inglês (ou seja, uma elite) teria chance de ver este défice colmatado. No entanto, com uma maior democratização no ensino superior brasileiro, que possibilitou que não só uma elite pudesse estudar no exterior, mas também aqueles que não tiveram como emendar o fraco aprendizado do inglês, Portugal configurou-se na oportunidade de "estudar fora", bastando falar português.
Mas não, falar português, em Portugal, não basta! Em Portugal ainda é preciso haver um esforço de entendimento entre os diferentes falantes de língua portuguesa; é preciso que as universidades invistam mais na publicação de artigos nesta língua e aproveitem toda a potencialidade e a diversidade provenientes dos países lusófonos. Só assim talvez se consiga restituir a importância de um idioma que, apesar de subalternizado, ainda é o quarto mais falado no mundo.
Jornalista, Doutoranda em Migrações pelo IGOT - Univ. Lisboa

Lula desabafa

'Tem muito mau caráter' na Justiça, diz Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na noite deste sábado (3) que "tem muito mau caráter" na Justiça brasileira. Durante a missa de celebração de um ano da morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia, o petista reforçou que se sente injustiçado e que a condenação de 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro são mais uma prova disto.
"Vou recorrer com a mesma tranquilidade que sempre tive apostando na Justiça. Mas com a coragem de dizer que dentro da Justiça tem gente muito boa, mas tem muita gente mau caráter, de má fé. E essas pessoas não merecem ser juízes", disse Lula.
Para o ex-presidente, muitos magistrados vêm agindo como "dirigentes partidários", e a sua resposta não virá com o "ódio" que tais juízes estariam demonstrando contra ele. "Se votaram com ódio, votaram contra um homem que tem muita paz. E vou matá-los de ódio justamente por não ter ódio. Vou vencer. É uma questão de tempo", destacou.
"Vou recorrer com a mesma tranquilidade que sempre tive apostando na Justiça"
"Vou recorrer com a mesma tranquilidade que sempre tive apostando na Justiça"
De acordo com Lula, a condenação aplicada pelo TRF-4 "está baseada em um mentira". "Essa perseguição que está acontecendo a mim, ao PT, aos movimento sociais e à esquerda é a razão pela qual luto", continuou.
Emocionado ao falar da mulher, Lula destacou que Marisa Letícia "não foi uma mulher que teve um momento de facilidade em sua vida", e que ela do céu ("se existir, ela com certeza está lá") envia uma mensagem clara ao petista: "Não pare. Não se desespere".
O ex-presidente ainda reforçou que a sua luta está longe do fim e que ele ainda possui muitos objetivos pela frente. "O pernambucano que não morre até os 5 anos passa dos 90 anos. E eu estou com vontade e com a energia para viver pelo menos até 90 anos, para ser contribuinte para a reconstrução democrática do país e para que os pobres voltem a ter seus direitos", afirmou.
Da Agência Sputnik

Sem controle

Com violência extrema, facção do CE controla presídio, espalha medo e tortura até membros

A facção começou a se organizar ainda em 2014, mas foi "oficialmente" chancelada há dois anos

Responsável pelo ataque a uma casa de shows que matou 14 pessoas em Fortaleza no último sábado (27), a facção criminosa GDE (Guardiões do Estado) se tornou um ponto de desequilíbrio não só nas ruas, mas também no sistema prisional cearense. O grupo cresce e se consolida cada dia mais no Estado por meio de uma violência extrema pouco comum até mesmo para organizações criminosas.
Jarbas Oliveira/Folhapress
A GDE, que também é chamada de 745 (referente à ordem das letras GDE no alfabeto), atua somente no Ceará, mas já controla muitos pontos de venda de drogas na periferia.
Assim como ocorreu com outras novas facções do Norte e do Nordeste, o grupo surgiu como forma de rebelião contra o envio, pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) e pelo CV (Comando Vermelho), de recursos do tráfico de drogas e de assaltos para outros Estados.
A facção começou a se organizar ainda em 2014, mas foi “oficialmente” chancelada há dois anos. O estatuto da organização obtido pelo UOL é de 1º de janeiro de 2016 e traz 15 itens que pregam o respeito entre os membros, a luta pelos direitos dos presos e a “justiça para os injustiçados.”
Antes mesmo da chacina de sábado, a GDE já fazia parte de relatos de assassinatos, torturas e até expulsão de moradores de conjuntos habitacionais. A lei da violência extrema também se aplica dentro dos presídios, com ameaças a agentes penitenciários e tortura entre integrantes do próprio grupo. Por causa disso, cadeias do interior já estão se recusando a receber detentos da facção para evitar mortes.
O método violento se verificou mais uma vez nesta quarta-feira (31). Durante inspeção feita no maior presídio dominado pela facção –a Casa de Privação Provisória de Liberdade (CPPL 2), em Itaitinga, na Grande Fortaleza, onde vivem pouco mais de mil detentos–, três presos estavam com braço quebrado. Mesmo sendo um local apenas com presos da facção, o grupo julga e pune integrantes em retaliação a ações de terceiros ligados e ele.
“Se sua família tem alguém de outra facção ou mora em um bairro controlado por outro grupo, eles quebram os braços em retaliação”, conta a advogada Ruth Leite Vieira, presidente da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados, citando que além desse há outros dois presídios destinados exclusivamente a presos do grupo.
Presos criam regras
Dentro da CPPL 2, os presos ditam todas as ordens, e agentes penitenciários não entram. Com celulares, eles filmam ameaças e seus rituais, como em um vídeo obtido pelo UOL supostamente feito em abril de 2017, no qual presos rezam e fazem grito de guerra em defesa do grupo.
Agentes ainda relatam ameaças constantes e de várias formas, como por meio de inscrições feitas nas paredes do presídio. No dia 16, uma bomba artesanal foi jogada contra os agentes, que prestaram queixa à polícia.
Até a distribuição de refeições é feita pelos presos –um detento vem até a portaria e leva a comida aos colegas. Na prática, é a GDE quem decide, por exemplo, quem tem direito a se alimentar, a hora do recolhimento às celas, critérios de controle e as punições por atos considerados de indisciplina.
“A situação está assim desde as rebeliões de 21 de maio de 2016. Não houve uma reforma da unidade, ela ainda está deteriorada; houve apenas pequenos paliativos. Como as celas não abrem nem fecham, os presos entram e saem à vontade. Não há rotina ou disciplina. Os agentes não entram nas alas”, afirma Ruth.
Terceira maior e a mais assassina
O Ceará possui uma população carcerária de 34 mil presos e, segundo o último Infopen (Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias), divulgado em dezembro pelo Ministério da Justiça, dois em cada três presos no Estado são provisórios e aguardam julgamento para cumprir pena.
Segundo estimativa do Conselho Penitenciário do Ceará, a GDE possui 2.000 integrantes dentro dos presídios. O número só é menor que o de duas outras facções: o PCC, que possui cerca de 5.000 membros, e o CV, com aproximadamente 4.000. A FDN (Família do Norte) tem em torno de 500 filiados.
Apesar de ser a terceira em número de integrantes presos, a facção é a que causa mais terror dentro do sistema. “Não temos números exatos, mas sem dúvida a GDE é a que mais mata no sistema prisional”, diz Claudio Justa, presidente do Conselho Penitenciário do Ceará. Quando matam inimigos, os membros da GDE costumam arrancar a cabeça, retirar o coração e cortar as mãos das vítimas. Em muitos casos, a morte é filmada, e as imagens circulam em redes sociais.
“Como ela é menor, tem menos articulação no âmbito nacional, os membros tendem a maior crueldade e ações mais truculentas dentro e fora dos presídios para impor respeito pelo terror. Então, a GDE é um fator de desequilíbrio para a própria dinâmica das disputas das facções”, explica Justa.
Medo de receber presos
Devido à violência extrema do grupo contra outras facções, é comum ver ordens de juízes que vetam integrantes da GDE em cadeias do interior. A última das decisões, em 11 de janeiro, foi do juiz Magno Rocha Mota, da comarca de Beberibe. Ele determinou “que a Cadeia Pública de Beberibe se abstenha de receber presos que se declarem integrantes da facção Guardiões do Estado e facções associadas.”
Em setembro, a Cadeia Pública de Aquiraz também teve ordem judicial para separar os presos da GDE e do CV. Já o juiz de Várzea Grande vetou o ingresso. O CV é o maior inimigo da GDE. Com o PCC, o grupo cearense tem um frágil acordo de paz, mas que é visto pelas autoridades como impossível de ser mantido.
“A ideia agora é a separação radical [de presos]. Não é mais seguro manter unidades com internos de mais de uma facção. O sistema penitenciário está muitíssimo tenso”, afirma Cláudio Justa.
“Essas facções também reivindicam melhores condições carcerárias, mas mesmo assim não entram em alinhamento nenhum”, conta Justa.
A Sejus (Secretaria de Justiça do Ceará) foi procurada pela reportagem para comentar a questão, mas informou que não iria se manifestar por “questões de segurança.”
Guerra fora das cadeias
A guerra entre facções se estende para fora dos presídios e contribuiu para que o número de assassinatos no Estado batesse recorde em 2017, com 5.134 casos. Em duas décadas, esse índice cresceu 545%.
Segundo o pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência da UFC (Universidade Federal do Ceará), o sociólogo Luz Fábio Paiva, o banho de sangue é impulsionado pela disputa das facções por áreas e venda de drogas, o que causa medo especialmente na periferia das grandes cidades.
No dia 4 de janeiro, um grupo de foragidos do sistema prisional mandou expulsar cerca de 300 famílias residentes no Barroso II, na zona Sul de Fortaleza. Pichações nos muros deixavam claro que “se não sair, vai morrer.” Outros casos também já foram registrados em vários pontos.
“O fato emblemático dessa situação é que, aparentemente, as facções que atuam no Estado não disputam apenas os mercados ilegais de drogas e armas, mas realizam uma verdadeira ‘guerra’ de eliminação do outro. Esta situação tem causado diversos problemas para as populações mais pobres que vivenciam situações de expulsão de suas casas, assassinatos em virtude da não-cooperação, ameaças por serem suspeitas de ‘simpatizar’ com grupo rival, torturas e julgamentos arbitrários, entre outros sofrimentos sociais e violações de direitos”, aponta Paiva.
Fonte: UOL

Deu no jornal OEstado

Federais destacam prioridades para 2018


Crises na política e na economia, Copa do Mundo e Eleições. O ano de 2018 promete polêmica e debates acirrados. E é justamente nesse clima que os deputados federais voltam aos trabalhos, a partir de hoje, no plenário da Câmara, em Brasília.
Embora a solenidade de abertura do ano legislativo tenha acontecido na última sexta-feira, as sessões ordinárias ficaram para esta semana.
Em entrevista ao jornal o Estado, a deputada federal Luizianne Lins (PT) destacou as prioridades para 2018. “É um ano de muitos desafios. Além de mantermos nosso foco nas pautas prioritárias ao nosso mandato, que têm sido nas áreas de ‘mulheres’, ‘juventude’, ‘população LGBT’, saúde, educação, direitos humanos em geral e ações para o Ceará, precisamos unir forças para impedir a aprovação de novas propostas que retirem direitos da população brasileira”, ressalta.
A petista declama das propostas de reformas apresentadas pelo presidente Michel Temer e mantém a postura crítica. “A pauta no Congresso pós-golpe, em regra, tem sido de propostas que retiram direitos da população, ferem nossa soberania ou desmontam o serviço público através de privatizações. Nós do PT vamos nos empenhar para impedir isso”, dispara.
Para o deputado André Figueiredo (PDT), os parlamentares terão a missão de propor mudanças e votar pautas polêmicas já no início do ano legislativo. “Esse ano começa já com um grande desafio: conseguir combater a desesperança que toma conta do brasileiro e trazer alternativas de mudanças para o Brasil voltar a crescer. Na volta dos trabalhos legislativos, teremos pautas importantes em votação como a MP que privatiza a Eletrobrás e que será mais um crime contra o Brasil e o patrimônio público, refletindo diretamente no bolso do consumidor, com contas mais caras. Estaremos no front para evitar essa aprovação”, promete.
Ainda segundo Figueiredo, a proposta de reforma da previdência será tema de embates entre governo e oposição. “Outra luta que teremos pela frente será a da Reforma da Previdência, que o governo insiste em colocar em votação, ainda que com reprovação popular. Esperamos que a pressão do povo nas ruas, principalmente em ano eleitoral, seja decisiva para conter esse grande retrocesso! “, enfatiza.

O deputado federal Cabo Sabino (ainda no PR, em transição para o PHS) admite que o ano será “curto” por conta dos eventos previstos e que prometem mobilizar atenção nacional. “Esse ano será um ano curto para o parlamento, em virtude da Copa do Mundo e das eleições. A Câmara Federal tem que encontrar pautas que sejam positivas, de interesse para a sociedade”, defende o parlamentar.
Sabino, que é coordenador da bancada federal, em Brasília, aponta que a Segurança Pública será uma das prioridades do Congresso. “Acredito que as pautas da Segurança Pública serão prioridade, principalmente no Senado Federal. O senador Eunício Oliveira tem falado que vai pautar os projetos da área. Na Câmara, se ventila nos bastidores, o trabalho de mais uma semana voltada para a Segurança Pública. A Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência também trabalha para se ter uma semana exclusiva para pautar projetos do segmento”, ressalta.
Na articulação da bancada, Sabino enfatiza a necessidade de trabalhar para garantir a transposição das águas do Rio São Francisco. “A prioridade será trabalhar para manter os recursos para a transposição do Rio São Francisco para que essa água venha chegar ao Ceará, na Capital e nos municípios que são beneficiados pelo Cinturão das Águas do Ceará para amenizar a seca”, afirma.
Emendas
Sabino ainda ressalta o trabalho para a liberação de recursos solicitados através das emendas parlamentares. “Outro ponto é lutar para que as emendas destinadas a saúde possam serem pagas pelo Governo Federal antes do pleito eleitoral, exatamente para oxigenar a questão da Saúde do Ceará, que tem sido um grande gargalo, apelo, principalmente das pessoas mais simples, humildes. Também vamos trabalhar para que seja paga a emenda de Segurança Pública para a Bancada para poder equipar, reestruturar e otimizar o trabalho da Segurança Pública para ser melhorada esse ano e esses recursos serão de grande valia para a segurança pública do Ceará”, revela.

Capa do jornal OEstado Ce