Unicef: Redução da mortalidade infantil do Ceará
é destaque também no exterior
Dois municípios cearenses ganharam destaque:
Sobral e Eusébio. A divulgação aconteceu na sede do Unicef, em Nova York. Nesta
sexta-feira (13), em Brasília, os indicadores serão divulgados.
Em
Nova York, no final da manhã desta quinta-feira (12), especialistas do Unicef e
da Organização Mundial de Saúde, em entrevista coletiva à imprensa, apresentaram
o Brasil como exemplo de sucesso na redução da mortalidade na infância. Dois
municípios cearenses foram destacados em vídeos: Eusébio, com queda da Taxa de
Mortalidade Infantil de 15,58 de 2009 para 9,1 por mil nascidos vivos em 2012,
e Sobral, de 18,93 para 14,55, segundo o Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM/ MS). A entrevista foi na sede do Unicef em NY, com a
participação da vice-diretora do Unicef, Geeta Rao Gupta, do chefe da área de
saúde, Mickey Chopra, da chefe de estatísticas e monitoramento, Tessa Wardlaw,
e da diretora do Departamento de Saúde Materna, Neonatal, da Criança e do
Adolescente da OMS. As duas instituições internacionais apresentaram
indicadores mundiais e regionais da mortalidade na infância, que indica a
probabilidade de um recém-nascido não completar 5 anos, e as mortes neo natais
desde 1990. No Brasil, os indicadores serão revelados em coletiva à imprensa
nesta sexta-feira (13), às 11 horas, na sede do Unicef, em Brasília.
A
redução da mortalidade na infância do Ceará já vem sendo um avanço divulgado e
comemorado, com meta do governo do Estado de diminuir ainda mais. O Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE), anunciou no dia 2 de agosto
deste ano que o Ceará foi o segundo Estado do Brasil que mais reduziu a Taxa de
Mortalidade Infantil (TMI) entre os anos de 1980 a 2010. Em 30 anos, deixaram
de morrer no Estado 91,8 crianças menores de um ano para cada mil nascidas
vivas, número menor apenas que o da Paraíba, que em 2010 evitou 94,2 mortes em
relação a 1980. O Ceará tinha a terceira pior taxa de mortalidade infantil do
Nordeste em 1980, de 111,5 por mil nascidos vivos, Alagoas com o índice de 111,6 e a própria Paraíba com
117,1. Em 2010, o Ceará ficou com a segunda melhor taxa da região, de 19,7 por
mil nascidos vivos.
No
Brasil, segundo o IBGE divulgou em agosto, no ano de 2010 a taxa de mortalidade
na infância foi de 19,4 por mil nascidos vivos
e de 26,0 no Nordeste. Em 1980 as taxas eram de 84,0 e 120,2,
respectivamente. No Ceará, a mortalidade na infância no período diminuiu de
133,7 para 22,6 por mil nascidos vivos. No Estado, a redução representou um
decréscimo do número de óbitos das crianças menores de 5 anos da ordem de
aproximadamente 111 óbitos para cada mil nascidas.
Soro, vacina e leite materno reduziram
mortalidade infantil
Alimentada
exclusivamente do leite da mãe, a bebê Anna Lara Lima da Silva esbanja saúde. A
mãe Adriele Lima de Oliveira, que mora no Eusébio, disse que fez tudo como os
profissionais da saúde orientaram: consultas de pré-natal, tomou as vacinas,
seguiu uma alimentação saudável e, especialmente, se preparou para amamentar a
sua filha. Vários fatores concorrem para o declínio da mortalidade infantil,
com destaque para o aumento da cobertura vacinal, o uso da terapia de
reidratação oral, o aumento da cobertura do pré-natal, a ampliação dos serviços
de saúde, a redução contínua da fecundidade, a melhoria das condições
ambientais, o aumento do grau de escolaridade das mães e das taxas de
aleitamento materno. As mortes de menores de um ano no Ceará se devem
principalmente às afecções perinatais, doenças relacionadas com problemas e
complicações de saúde do bebê antes, durante e logo após o parto, normalmente
causados por afecções ocorridas durante a gestação, baixo peso ao nascer e
infecções no período neonatal – os primeiros 28 dias de vida. Nas últimas
décadas, a redução da Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) no Estado é resultado
da expressiva diminuição da mortalidade pós-neonatal – as mortes ocorridas
entre 28 dias a 11 meses e 29 dias de vida –, particularmente por pneumonia e
diarreia.
A
análise da mortalidade infantil proporcional por seus componentes, como avalia
Informe Epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado de abril de 2013,
mostra que a partir do ano 2000 observa-se uma progressiva inversão da
proporcionalidade, em que o risco de morte de crianças maiores de 28 dias
(óbitos pós-neonatais) apresenta redução acentuada. Por outro lado, o risco de
morte de crianças menores de 28 dias (óbitos neonatais) passa a representar,
proporcionalmente, a maior parte dos óbitos em menores de um ano, chegando a
representar 69% dessas mortes no ano de 2011. Ou seja, a redução da mortalidade
pós-neonatal foi maior que a mortalidade neonatal. De fato, enquanto os óbitos pós-neonatais
diminuíram de 15,8 para 3,6 por mil nascidos vivos entre 1997 e 2011, as mortes
neonatais caíram dos mesmos 15,8 para 8,7 por mil nascidos vivos.
Para
se ter ideia do que ocorreu, basta observar que, em oito anos, o uso da terapia
de reidratação oral fez a taxa de mortalidade infantil por diarreia diminuir em
86,95%, ao passar de 2,3 por mil nascidos vivos em 2002 para 0,3 em 2009. Os
agentes de saúde, introduzidos no Ceará na década de 80 do século passado, são
os grandes disseminadores da reidratação oral que tem evitado a morte de
crianças por diarreia.
A
implantação do Programa Saúde da Família (PSF) foi outro movimento importante
para a redução da mortalidade infantil, ao garantir a realização do pré-natal e
estimular o aleitamento materno exclusivo. Nas comunidades, a presença do
médico, que tem a prerrogativa de receitar antibióticos, reduziu os óbitos por
pneumonia. Entre 2002 e 2009, a TMI por pneumonia diminuiu 25%, caindo de 0,8
para 0,6 por mil nascidos vivos. Nos últimos anos, a proporção de nascidos
vivos com sete ou mais consultas de pré-natal aumentou de 50,1% em 2008 para
57,8% em 2012. Já o índice de aleitamento materno exclusivo até os quatro meses
passou de 47% em 1997 para 71,4% em 2011.
O
advento do Sistema Único de Saúde (SUS) promoveu a descentralização da gestão
da saúde e, consequentemente, do Programa Nacional de Imunização (PNI). Com
estados e municípios participando como protagonistas, a cobertura vacinal
aumentou e a mortalidade de menores de um ano por doenças imuno-preveníveis
diminuiu. Com cumprimento ano a ano das metas vacinais e frequentemente
atingindo coberturas de 100%, o Ceará tem evitado as mortes de crianças em
consequência de sarampo, difteria, coqueluche, tétano e outras doenças
imuno-preveníveis.
Com
distribuição nas consultas de rotina na atenção básica e em conjunto com
campanhas de vacinação, o Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A
atingiu no Ceará coberturas de 89,84% das crianças de 6 a 11 meses em 2011 e de
94,31% em 2012. A vitamina A contribui para reduzir a mortalidade infantil e a
mortalidade materna por infecção pós-parto. Além disso, reduz a gravidade das
infecções, como a infecção respiratória aguda e diarreia, mantém a saúde ocular
e é fundamental para o crescimento saudável das crianças.
Em
2009, o Ceará foi o primeiro estado brasileiro a garantir para todas as
gestantes dos 184 municípios, dois testes de HIV, com o objetivo de reduzir a
transmissão de aids da mãe para o bebê e, assim, diminuir a mortalidade
infantil no Estado. Até 2012, foram realizados 153.399 exames em gestantes, no
Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen). Em 2012, a Secretaria da
Saúde do Estado distribuiu kits de tratamento de anafilaxia por penicilina,
eventos raríssimos, para os 183 municípios, dando maior segurança aos
profissionais e às gestantes no tratamento da sífilis. A doença, considerada
evitável, pode causar aborto, má formação do feto e morte ao nascer. Bebês
podem ainda ter neurosífilis e convulsão, icterícia, lesões ósseas e anemia
aguda.
Para
diminuir ainda mais a mortalidade infantil é preciso maior controle das
afecções perinatais. Para tanto, o Ministério da Saúde, em parceria com estados
e municípios, está implantando estratégias como a Rede Cegonha para reforçar a
qualidade do pré-natal, a assistência ao parto e ao recém-nascido,
especialmente o bebê prematuro ou com doença infecciosa, que tem necessidade de
UTI. A morte neonatal é consequência, principalmente, da prematuridade, que tem
como determinantes o aumento dos partos cesáreos, infecção neonatal ou doenças
da mãe que não foram tratadas no pré-natal, como sífilis, gonorreia, infecção
urinária, hepatite e outras.
Para
melhorar a assistência ao parto, no Ceará, a Rede Cegonha tem os serviços
integrados em 17 Redes de 23 regiões de saúde. O Plano de Ação da Rede Cegonha
para as Regiões de Saúde do Ceará, aprovado em junho de 2011 pelo Ministério da
Saúde, prevê 27 Centros de Parto Normal, 22 casas da gestante, bebê e puérpera,
criação de 263 leitos de gestação de alto risco, 70 leitos de UTI adulto tipo
II, 176 leitos de UTI neonatal tipo II, 321 leitos de UCI neonatal e 135 leitos
de UCI Canguru. Também inclui a qualificação de 203 leitos de gestação de alto
risco; 96 leitos de UTI adulto tipo II; 117 leitos de UTI neonatal tipo II e
156 leitos de UCI neonatal. Os serviços deverão funcionar plenamente até o fim
de 2014.
Do boletim de notícias do Governo do Ceará