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Cid desconversa sobre Ciro e evita críticas: "não vão me ver falando mal do meu irmão"

 


O senador Cid Gomes (PSB) desconversou sobre o movimento de filiação de Ciro Gomes ao PSDB. Cid também evitou fazer críticas ao irmão, que é apontado como favorito no grupo da oposição para disputar o Governo do Ceará.
"Acho que cada qual se filia no partido que quer, ninguém deve comentar a vida dos outros não. A gente deve trabalhar, se esforçar e fazer o melhor pelo povo. É assim que procuro agir ao longo da minha vida inteira, você nunca vai me ver falando mal de adversário, muito menos do meu irmão", respondeu Cid no sábado (18), ao ser questionado por jornalistas enquanto ele participava de ato de campanha de Joel Barroso (PSB) na eleição suplementar pela Prefeitura de Santa Quitéria.
Cid e Ciro são rompidos politicamente desde 2022, quando divergiram sobre quem devia ser o candidato à sucessão de Camilo Santana no comando do Governo do Estado.
Enquanto Cid é um dos aliados mais importantes do governo de Elmano de Freitas (PT) e tem reafirmado publicamente o compromisso de apoiar a reeleição do petista, Ciro caminha para possivelmente liderar o projeto da oposição no Ceará na eleição do próximo ano. O ex-ministro deixou o PDT e se filia ao PSDB nesta quarta-feira (22).
Em declarações recentes, Cid sinalizou uma reaproximação com Ciro ao destacar o apoio ao irmão no caso de ele ser novamente candidato a presidente, mas ressaltou que os dois pensam diferente quanto à política estadual. Em maio, o senador comentou em uma entrevista sobre a possibilidade de Ciro ser candidato a governador do estado dizendo que isso poderia ser "o maior constrangimento da minha vida". Também criticou as alianças do irmão, que se aproximou de nomes da direita cearense como Capitão Wagner (União Brasil) e André Fernandes (PL). Nomes esses que Cid descartou dividir palanque.

Brasileira que estava em sala do Louvre invadida relata desespero: ‘Achei que jogariam uma bomba’

 


História de Caio Possati
A bióloga Aline Lemos, de 28 anos, estava na Galeria Apolo, no Museu do Louvre, em Paris, no exato momento em que o espaço foi invadido por criminosos encapuzados, na manhã deste domingo, 19.
Em entrevista ao Estadão, ela conta que imaginou se tratar de um ataque terrorista. “Eu fiquei com muito medo de ser algum atentado, estarem quebrando a janela pra jogar alguma bomba.”
Aline chegou logo cedo ao Louvre e foi direto ver a Mona Lisa, principal atração do museu. Na sequência, entrou no salão de joias da Galeria Apolo por achar o espaço bonito e atraente. “Nem estava no meu roteiro, mas entrei para ver os adornos nas paredes, no teto”, diz a brasileira, que realiza seu doutorado na França.
Criminosos encapuzados invadiram a Galeria Apolo do Museu do Louvre e fugiram com oito peças. Foto: Dimitar Dilkoff/DIMITAR DILKOFF
Criminosos encapuzados invadiram a Galeria Apolo do Museu do Louvre e fugiram com oito peças. Foto: Dimitar Dilkoff/DIMITAR DILKOFF
Aline estava filmando esses detalhes no final do salão (veja o vídeo acima) quando começou a ouvir algumas batidas na janela. Por conta de uma cobertura no vidro, a bióloga diz que não era possível enxergar exatamente o que estava acontecendo do lado de fora. “O vidro não quebrou de cara, demorou um pouco”, relata.
Na sequência, os visitantes começaram a ouvir outro som ainda mais preocupante. “Quando eles começaram a vir com a motosserra (segundo a polícia, foram esmerilhadeiras angulares), foi o tempo de todo mundo sair da sala e imediatamente a funcionária trancou as portas. Então não deu para ver nem ouvir mais nada“, relata a jovem (veja mais abaixo como foi a dinâmica do crime).
Veja a lista de joias roubadas no Museu do Louvre
A brasileira lembra que as pessoas passaram a ser evacuadas do museu em um primeiro momento e, sem explicações, foram autorizadas a ingressar de novo no local. Novos visitantes que chegaram depois do horário do assalto também foram autorizados a entrar. Só depois de cerca de 20 minutos o Louvre foi fechado de forma definitiva e impediu a entrada de todos os visitantes.
“Isso foi muito transtorno também. A gente não sabia o que tinha acontecido, eles deixaram a gente voltar, apreciar as obras, para depois ter que evacuar tudo de novo. Foi bem desesperador esse momento”, lembra Aline, que critica a falta de orientações por parte da equipe do museu. “Acho que só depois que a polícia chegou que eles pediram para todo mundo sair de novo.”
Por conta do forte sistema de segurança do Louvre, a bióloga não cogitou que o museu estivesse sendo alvo de uma ação de assaltantes, mas de um ataque terrorista. “Eu fiquei com muito medo de ser algum atentado, estarem quebrando a janela pra jogar alguma bomba”, diz. “E como a gente saiu sem saber realmente o que estava acontecendo, fiquei muito receosa de ficar ali nessas aglomerações, na entrada principal.”
Foi só depois de ter se afastado do museu que ela descobriu o que tinha, de fato, acontecido. “Isso me deu uma tranquilizada também, porque acredito que o foco não era ferir pessoas, foi uma coisa mais localizada.”

Coluna do Macário Batista em 20 de outubro de 2025

Vereadores do PL e PT são cassados no CE acusados de trocar óculos por voto
A Justiça Eleitoral do Ceará determinou a cassação dos mandatos de três vereadores de Limoeiro do Norte (CE) por abuso de poder econômico. Eles teriam montado um esquema para realizar consultas oftalmológicas e distribuir óculos em troca de votos na eleição de 2024. Foram condenados os vereadores eleitos Cabo Rubem (PL), Lauro Machado (PL) e Professor Márcio (PT), além de dois suplentes. Por ser em primeira instância, eles podem recorrer da decisão ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) ainda nos cargos. A decisão foi tomada pela juíza Marília Ferreira de Souza Varella Barca, da 29ª Zona Eleitoral de Limoeiro do Norte, e atendeu a pedido do MPE (Ministério Público Eleitoral). Segundo a denúncia, os então candidatos concederam consultas oftalmológicas e óculos de grau aos eleitores em prática que visava "tran sformar o voto em instrumento de mercancia". A ação, narra o MPE, foi articulada junto com uma ótica da cidade em uma "verdadeira operação consorciada entre candidatos ao cargo de vereador em Limoeiro do Norte e a ótica Rabelo". As provas demonstraram de forma "contundente" a existência de um esquema articulado em benefício dos cinco candidatos alvo da ação (dois não foram eleitos).Durante a investigação, uma pessoa foi presa em flagrante no dia 5 de outubro de 2024, na véspera da eleição, no ato de entrega de um par de óculos de grau a um eleitor. Na ocasião foram apreendidos 74 óculos, 94 "santinhos" do candidato Mazinho Maia e um caderno de anotações.
A frase: "Quem come do meu pirão, aguenta do meu cinturão". Lula para os amotinados do Centrão perdendo os cargos.
PM é condenado a 4 anos de prisão por invadir casa e roubar um Malbec no PI (Nota da foto)
A Justiça do Piauí condenou o policial militar Avelar dos Reis Mota, 54, conhecido como sargento Mota, por invadir uma casa e roubar um frasco de perfume Malbec. A pena imposta foi de quatro anos, dois meses e 12 dias de reclusão a ser cumprida inicialmente em regime semiaberto. A sentença foi assinada pelo juiz Raimundo José de Macau Furtado, da Vara Militar de Teresina. Ele terá o direito de recorrer da decisão em liberdade.
Medalha pro Nonato
O querido Nonato Albuquerque, uma das mais lindas e competentes vozes do rádio e televisão do Brasil, será agraciado com a Medalha do Mérito Parlamentar Perboyre e Silva, da Assembleia do Ceará. Dia 12 de novembro.
Renovando
O deputado federal José Airton foi hospitalizado para cuidar das coronárias. Zé Airton tem um cateter antigo que precisa ser mudafdo e aí só sendo internado.Passa muito bem o ZéAirton, quase governador.
Mudança no Icó
Uma conversa dentro do PT com lideranças da cidade de Icó, acabou transformando a ex-Prefeita e ex-Deputada Estadual Lais Nunes, muda o rumo de sua campanha a deputada federal para pleitear vaga na Assembleia.
Mudança no Icó II
Ela falou na Rádio Papagaio, do município, sobre o assunto sendo seguido por participação do Presidente do PT, Conin, que exaltou a importância do grupo liderado por Neto Nunes, levando Lais Nunes a decisão anunciada.
E mais...
Também falaram em mensagens à decisão do Grupo, o Governador Elmano de Freitas, do Presidente da Assembleia, Romeu Aldigueri e o deputado Oriel Nunes que deverá não ser candidato para apoiar a cunhada.
Oriel deseja sorte à cunhada
O deputado Oriel Nunes,filho, poderá continuar na Secretaria de Pesca do Estado, sem disputar outro mandato de deputado. A decisão do Grupo pega a cidade de surpresa e a região se prepara para candidatura de um novo nome.
Outubro rosa
Carretas da saúde da mulher do Agora Tem Especialistas levam exames e diagnósticos de câncer para municípios do Ceará. Ao todo, seis unidades móveis do Ministério da Saúde reforçam o atendimento a partir da sexta (17).

O dia

 


O dia - Roubaram o Louvre , em Paris. Já é manhã alta na França. A "securite" ainda não tem pistas. Por enquanto não há suspeitos de ação de algum ladrão de joias do Brasil. Por enquanto.

Capa do jornal OEstadoCe

 


Bom dia

 



O Museu do Louvre, em Paris, foi fechado neste domingo (19) após criminosos encapuzados invadirem o local e roubarem joias. Segundo a imprensa francesa, os ladrões roubaram nove peças da coleção de joias de Napoleão e da imperatriz na Galeria de Apolo.
Roubo no Louvre: veja as joias que foram levadas pelos criminosos
Ação dos assaltantes levou menos de quatro minutos e, até o momento, nenhum suspeito foi preso.
A coroa da Imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III, foi encontrada do lado de fora do museu. A peça de ouro ornamentada, com 1.354 diamantes e 56 esmeraldas, foi danificada no roubo. Os ladrões aparentemente deixaram cair a peça durante a fuga.
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De acordo com a Reuters, as joias que ainda estão desaparecidas são:
Tiara do conjunto de joias da Rainha Maria Amélia e da Rainha Hortense;
Colar do conjunto de joias de safira da Rainha Maria Amélia e da Rainha Hortense;
Brinco que faz parte de um par do conjunto de joias de safira da Rainha Maria Amélia e da Rainha Hortense;
Colar de esmeraldas do conjunto Marie-Louise;
Par de brincos de esmeralda do conjunto Marie-Louise;
Broche conhecido como "broche relicário".
Tiara da Imperatriz Eugénie
Grande nó corpete (broche) da Imperatriz Eugénie.
Os criminosos não tinham como alvo nem roubaram o mundialmente famoso diamante Régent, que está abrigado na mesma galeria que os ladrões invadiram, disse Beccuau na BFM TV, afiliada da CNN. A Sotheby's estima que o Régent vale mais de US$ 60 milhões.
A ministra da Cultura, Rachida Dati, disse à emissora de TV francesa TF1 que o tempo do roubo foi menor do que os sete minutos antecipados pelo ministro do Interior, Laurent Nuñez.
"Chegamos imediatamente, alguns minutos após recebermos a informação do roubo. Para ser sincera, a operação durou quase quatro minutos. Foi muito rápida! Temos que admitir que são profissionais. O crime organizado hoje tem como alvo objetos de arte e os museus, claro, tornaram-se alvos, porque a França, como vocês sabem, é um país de patrimônio, um país com objetos históricos de grande valor", detalhou.

Parece, mas não é, que só tem Ciro

 


Opinião de Artur Figueiredo

Jornalista e professor, com especialização em comunicação. Colaborador do portal Yahoo, comentarista, colunista: rádios Poliesportiva, Metropolitana AM 1070, redator do portal Torcedores.com, Assessoria de Comunicação da equipe União Mogi e colunista do jornal Gazeta Regional.
Ex-dirigente do PDT fala sobre os bastidores do racha do partido com Ciro Gomes
Ciro anunciou a saída do PDT neste sábado
Na última sexta-feira (17), Ciro Gomes anunciou sua saída do PDT (Partido Democrático Trabalhista) para se tornar candidato pelo PSDB (Partido Social Democrático Brasileiro), sigla da centro-direita, como opção direta para a disputa eleitoral, fazendo oposição ao PT (Partido dos Trabalhadores) e ao presidente Lula.
A notícia repercutiu em diferentes frentes. Parlamentares e ex-dirigentes partidários comentaram o assunto. Gabriel Cassiano, ex-dirigente do PDT-SP, contou em detalhes todo o processo de desgaste de Ciro — principal candidato do partido à Presidência da República em 2022. Economista, ele atua hoje como Head Comercial no MW Bank.
Eleição à presidência, em 2022
“Articulei junto a listas de filiados do PDT para que os brizolistas fossem às redes sociais pedir voto útil na candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (principal nome da história da esquerda brasileira, eleito duas vezes presidente) contra a ameaça de golpe de Estado de Jair Bolsonaro (ex-presidente, candidato do PL, Partido Liberal, que buscava a reeleição). Imaginava uma tentativa de golpe caso perdesse as eleições — fato que se confirmou posteriormente”.
Cassiano destacou que, para o fim da polarização, deveria haver uma reunião entre partidos de esquerda, centro-esquerda e progressistas, a fim de formar uma aliança capaz de derrotar o bolsonarismo.
O racha entre Ciro e pedetistas foi se consolidando desde a derrota no 1º turno de 2022, quando Ciro perdeu para Lula e Bolsonaro. O apoio de Ciro a Lula no segundo turno foi constrangedor, já que o petista havia sido o principal alvo de suas críticas em diversos embates.
Para o ex-pedetista, a união seria a única forma de derrotar não apenas a direita, mas também de defender a democracia. “Nós, do campo progressista, precisávamos estar todos juntos com o presidente Lula para derrotar nas urnas eleitoralmente, mas, acima de tudo, politicamente, a ameaça golpista”.
Mudança de partido
A vaidade foi a principal arma para a própria destruição de Ciro, afirma Cassiano: “O ego dele foi maior que todo o projeto de desenvolvimento que ele tentou criar e que eu o ajudei a construir com algumas figuras do pensamento econômico e sociológico brasileiro. Posso dizer, sem sombra de dúvida, que hoje se encerra uma novela, mas começa outra, com Ciro indo provavelmente para o PSDB, numa articulação de Aécio Neves e Tasso Jereissati, para ser candidato”.
Segundo ele, Ciro passou de um projeto progressista, nacionalista e trabalhista para uma proposta de oposição com valores de caráter direitista.
Outro ponto citado por Cassiano foi o fato de Ciro ter se perdido no campo das ideias e do planejamento eleitoral, sendo supostamente um candidato viável para fugir da polarização entre lulistas e bolsonaristas. Entretanto, já se mostrava nas pesquisas como terceira via. Ex-ministro de Lula, tentou sustentar o antipetismo, direcionando seu discurso ao eleitorado moderado e a uma corrente de centro-direita.
As contradições de Ciro
“Escancarou uma falha estratégica de pensamento e de organização política do próprio Ciro. Veja: ele tinha tudo para ter sido presidente em 2018. Bastava ter aceitado fazer uma composição com o PT e Lula, aceitado ser vice de Haddad (atual ministro da Fazenda), que notoriamente não poderia disputar a eleição. Ele assumiria como protagonista, liderando a chapa — algo que o PT, numa articulação feita pelo próprio presidente Lula, teria que aceitar pela primeira vez: apoiar um candidato do PDT à Presidência.
Mas, quando Mangabeira convenceu Ciro de que poderia enfrentar os petistas sem o apoio do PT e ficar à frente de Haddad ainda no primeiro turno, para disputar o segundo contra Bolsonaro, ele acreditou. Isso foi o grande problema, que se traduziu em números: uma votação vexatória, menor que cinco pontos, em 2018, quando Lula — preso — liderava as pesquisas”, sintetizou.
A falta de diálogo com a própria esquerda e com a extrema direita se refletiu nas contradições e na incapacidade de compreender o protagonismo conquistado pela centro-esquerda, representada por Lula, e pela extrema direita populista, representada por Bolsonaro, destacou.
Expulsão do PDT
“Fui expulso do PDT em 2022 porque articulei e encabecei o manifesto dos trabalhistas que pediam voto útil dentro do partido, orientando suas bases e seguidores nas redes sociais a apoiar o presidente Lula no primeiro turno, contra a intenção golpista que Bolsonaro já articulava ao não aceitar perder a eleição.
Acabei sendo expulso por isso, mas sempre considerei o PDT minha segunda casa. Não foi diferente agora, com a pressão interna no partido que resultou na minha saída, motivada por Ciro Gomes”, finalizou.

Tem gente olhando

 


Opinião

Ciro no PSDB e as ironias da política
'Ao sair do PDT rumo ao PSDB, Ciro não muda apenas de legenda — ele confirma seu papel involuntário como o maior aliado de seus adversários'
Por Miguel do Rosário-Jornalista
Ciro Gomes (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
O papel que a ironia desempenha na história tem sido estudado, mas sua função na vida pública contemporânea ainda permanece pouco explorada. O teólogo e filósofo político americano Reinhold Niebuhr, em sua obra clássica A Ironia da História Americana (1952), analisou como as supostas virtudes de uma liderança acabam se revelando vícios que beneficiam os próprios adversários. Na política brasileira, essa ironia se manifesta quando os fatos ocorrem de maneira oposta àquilo que seus desencadeadores imaginavam.
O caso de Eduardo Bolsonaro ilustra o fenômeno. O presidente Lula o chamou de “meu camisa 10” porque, ao articular sanções do governo Trump contra o Brasil, o deputado gerou uma onda de rejeição contra si e seu grupo, entregando de volta ao campo progressista a bandeira do patriotismo e da soberania nacional.
Ciro Gomes também se tornou um exemplo dessa ironia. Toda a sua violência verbal e a força de seus ataques acabaram se voltando contra si mesmo, beneficiando exatamente aqueles que pretendia destruir: Lula e o Partido dos Trabalhadores, tanto nacionalmente quanto no Ceará. Neste momento, Ciro anuncia sua desfiliação do PDT e se prepara para ingressar no PSDB, enfrentando um cenário radicalmente diferente daquele que construiu no passado.
O contraste com sua trajetória é gritante. Quando Ciro mudava de partido antigamente, era um acontecimento que trazia consigo prefeitos e deputados. Agora, ele vem praticamente sozinho, acompanhado apenas pela companhia melancólica de José Sarto, ex-prefeito de Fortaleza que sofreu uma derrota humilhante em 2024. A última eleição municipal na capital cearense ilustra bem esse declínio: Sarto, então prefeito pelo PDT, ficou em terceiro lugar com apenas 11,75% dos votos, enquanto seu grupo político apostava no candidato da extrema-direita, André Fernandes (PL), que também foi derrotado no segundo turno por Evandro Leitão (PT).
O declínio do PDT no Ceará reforça a ironia. O partido, que chegou a ter 67 prefeituras em 2020, elegeu somente 5 em 2024 — uma queda de 92,5%. Na Assembleia Legislativa, a bancada despencou de 13 para apenas 5 deputados, após uma debandada liderada pelo senador Cid Gomes, irmão de Ciro, que migrou para o PSB. O PSB, por sua vez, saltou de 8 para 65 prefeituras, e o PT cresceu de 18 para 46. Toda a violência de Ciro contra o PT e Lula serviu para fortalecer exatamente seus adversários.
Em entrevista ao podcast As Cunhãs, o deputado federal José Guimarães (PT-CE), líder do Governo Lula na Câmara, analisou essa transformação: “O eleitor do Ciro, hoje, não é mais o eleitor do PT. O eleitor do Ciro, hoje, é um eleitor mais conservador.” A avaliação revela como Ciro, ao romper com o campo progressista, perdeu sua base histórica sem construir uma nova, tornando-se, involuntariamente, o “camisa 10 de Lula no Ceará”.
O território cearense, aliás, possui um ecossistema midiático local forte, rico e plural, que torna o acompanhamento de sua política particularmente interessante. O estado registrou em 2024 um crescimento do PIB de 6,49%, quase o dobro da média nacional, e o governador Elmano de Freitas (PT) possui 56% de aprovação, com o ministro Camilo Santana articulando sua reeleição para 2026.
O contraste entre os estilos de Camilo e Ciro explica muito do sucesso de um e do fracasso do outro. Camilo leva a política a sério, costurando alianças com humildade e respeito. Ciro, por outro lado, comporta-se como um orangotango numa sala de cristais. Suas ofensas não poupam nem mulheres em posições de liderança, como no caso da prefeita de Crateús, Janaína Farias. Ciro a chamou de “cortesã de Camilo Santana”, sendo repudiado por senadoras de todos os espectros políticos, da esquerda à extrema-direita. A Advocacia do Senado pediu sua prisão por repetir as agressões mesmo após ser condenado a pagar R$ 52 mil por danos morais. As investidas machistas uniram mulheres contra ele, fortalecendo exatamente quem pretendia destruir.
Para 2026, o dilema de Ciro parece insolúvel. A eleição para governador passará pela costura com prefeitos, trabalho que Camilo domina e Ciro despreza. Seu único caminho seria uma aliança com o bolsonarismo, mas como explicar tudo o que disse sobre Bolsonaro? O mais revelador é seu silêncio estratégico nos últimos meses sobre temas nacionais cruciais, para não ferir os brios da extrema-direita.
Há ainda outra camada de ironia na escolha do PSDB. Ciro está entrando num partido praticamente irrelevante no Ceará, com apenas 2 prefeitos e 1 deputada estadual. Nacionalmente, a sigla enfrenta grave crise de identidade. A entrada de Ciro, com seu histórico de rupturas, pode piorar ainda mais a situação do partido.
A maior ironia, porém, está em 2022. Quando Ciro rompeu com os aliados de Camilo Santana, acabou ajudando Elmano de Freitas a vencer no primeiro turno. O grupo de Ciro acumulava desgaste, e o resultado eleitoral comprovou que ele era mais um fardo do que um ativo. Para 2026, a dinâmica promete se repetir: se Ciro entrar na campanha da oposição, alimentará tantas contradições que, mais uma vez, acabará ajudando a base política de Camilo a ter um bom desempenho.
A trajetória de Ciro Gomes é um exemplo perfeito do papel da ironia na política contemporânea. Aquele que se apresentava como salvador da política brasileira hoje está isolado, justamente por não reconhecer seus defeitos: a arrogância, a incapacidade de construir alianças e a crença de que a violência verbal substituiria o trabalho político sério. Ao sair do PDT rumo ao PSDB, Ciro não muda apenas de legenda — ele confirma seu papel involuntário como o maior aliado de seus adversários. Assim como Eduardo Bolsonaro, é mais um “camisa 10” de Lula.

Silas Malafaia investigado: PF vê suas digitais em ataques ao STF

 


Investigação autorizada por Alexandre de Moraes indica atuação organizada do pastor em campanhas contra ministros do Supremo
247 – A investigação da Polícia Federal sobre o pastor Silas Malafaia avançou e já possui elementos considerados robustos, de acordo com informações divulgadas pelo jornal Metrópoles. Na segunda-feira (20/11), completaram-se dois meses da operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que apreendeu o celular, documentos e o passaporte do líder religioso. O material foi periciado e embasa relatórios recentes da PF.
Malafaia é investigado por suspeita de integrar um núcleo que teria articulado ataques sistemáticos ao STF, além de participar de tratativas para que os Estados Unidos adotassem “atos hostis” contra o Brasil. Por decisão de Moraes, ele está proibido de manter contato com Jair Bolsonaro e com o deputado Eduardo Bolsonaro, também alvos do inquérito.
Relatórios indicam atuação coordenada
Em relatório encaminhado ao Supremo, a PF afirmou que “identificou-se que Malafaia atuou em ações de criação, produção e divulgação de ataques a ministros do STF, de forma previamente ajustada, por multicanais, em alto volume e direcionada a parcela do público sob sua influência”.
O ministro Alexandre de Moraes destacou que mensagens apreendidas indicam que o pastor “exerce papel de liderança nas ações planejadas pelo grupo investigado, que tem por finalidade coagir os ministros do Supremo e outras autoridades brasileiras, com claros atos executórios no sentido de coação no curso do processo e tentativa de obstrução à Justiça”.
Defesa alega perseguição religiosa
Silas Malafaia nega qualquer envolvimento em atos antidemocráticos e afirma ser alvo de “perseguição religiosa” conduzida por Moraes. Pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo e figura de grande influência no meio evangélico, ele foi um dos principais aliados de Jair Bolsonaro durante o governo e nas eleições.
Contexto político e desdobramentos
As suspeitas contra Malafaia se inserem no conjunto de investigações sobre a articulação de ataques contra instituições brasileiras após as eleições de 2022. A PF apura ações de deslegitimação do sistema eleitoral, estímulo a manifestações antidemocráticas e tentativas de pressionar o STF por meio de campanhas digitais e mobilizações públicas.
O avanço das investigações deve definir se o Ministério Público Federal apresentará denúncia formal contra o pastor.

Opinião

 


Kotscho: Fim da linha para os Bolsonaro. E vida que segue
Ricardo Kotscho-Colunista do UOL
O ex-presidente Jair Bolsonaro em prisão domiciliar na casa dele em Brasília
Imagem: Sergio Lima - 11.set.2025/AFP
A reunião de Mauro Vieira com Marco Rubio esta semana, sem que o nome do clã golpista sequer fosse citado, teve um caráter simbólico: pode ter sido a última pá de cal na tentativa dos Bolsonaros de um dia voltar ao poder no Brasil, com a ajuda dos Estados Unidos. Melhor assim: a nação agradece.
Se só Trump poderia salvar o ex-presidente condenado, como disse outro dia Valdemar Costa Neto, o dono do PL, então agora não há mais nenhuma esperança, chegou o fim da linha, acabou, the game is over. O ar até já ficou mais respirável.
Foram quase sete anos de protagonismo tóxico, desde a posse do capitão Jair em 2019, que abalaram a democracia brasileira e quase nos levaram a uma nova ditadura, mas agora chegou a vez de fechar as cortinas e tirar essa gente do noticiário político para voltarmos à normalidade institucional.
Em novembro, o processo contra os golpistas deve transitar em julgado no STF, com a prisão em regime fechado de todos os condenados. O mal que os Bolsonaros e seus comparsas fizeram ao sistema político, à economia, às Forças Armadas e à vida em sociedade é impagável. Mas é página virada.
Cabe agora ao Congresso Nacional enterrar de vez essa conversa de anistia, dosimetria, indulto ou o nome que tenha, e colocar na pauta o que realmente interessa ao povo brasileiro. Só assim poderá recuperar a credibilidade perdida. Aos eleitores, caberá a tarefa de completar a limpeza ética, não reelegendo os parlamentares cúmplices do bolsonarismo. Guardem bem seus nomes.
A polarização só interessa aos derrotados. Em 2026, teremos a grande oportunidade de mobilizar a sociedade civil para debater projetos capazes de enfrentar a nossa enorme desigualdade social e combater o crime organizado que se infiltrou em todas as instâncias da vida nacional nos últimos anos.
Esta será a eleição mais importante desde a redemocratização para desenhar o país que queremos, sem as amarras do passado e de olhos abertos para o futuro. O caminho agora está livre, só depende de cada um de nós. A política não pode ser dominada só pelos políticos. Nossa grande arma são as urnas.
Em tempo: espero que tenha sido minha última coluna sobre esse assunto.